A COMPARAÇÃO TORNA O TEXTO MAIS PRECISO
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Figuras de Linguagem
Não seria sem razão mencionarmos a incapacidade do ser humano de se fazer entendido sem apelar para as comparações, para as analogias. Veja-se neste fragmento:
[...] era numa destas noites [...] em que o sussurro do pinhal é como um coro de finados, a queda da corrente como um ameaçar assassino, o grito da ave noturna como uma blasfêmia do que não crê em Deus. (Herculano, Alexandre, Eurico, o presbítero. São Paulo, Ática, 1991, p.21)
Quando escrevemos: Paulo é branco, estamos incluindo Paulo num universo composto por todo ser de natureza branca. Neste caso, estamos generalizando. Entretanto, se queremos individualizar ou centrar a ideia de cor em Paulo, recorremos à comparação: Paulo é branco como um lírio. Branco, agora, deixou de ser uma generalização para concretizar-se, por meio de uma partícula comparativa, a algo que só pertence à natureza de Paulo.
Vem daí a noção de que a comparação torna a linguagem mais precisa e mais clara. Vem também a noção de que a comparação é o confronto entre duas ideias, ou seja, entre dois elementos:
● A casa de Sandra é escura como a noite.
● Aquele homem é tão feroz como um tigre.
● Lívia é linda como sua mãe.
Tendo em vista os aspectos observados, podemos dizer que toda comparação há de realizar-se necessariamente mediante uma construção de dois elementos, em que um é posto em confronto com outro, por meio de um conectivo comparativo: Maria é [frágil] como [o vidro].
OS CONECTIVOS E OS PROCESSOS DE COMPARAÇÃO
1. O mais comum dos conectivos comparativos é a partícula [como], com o sentido de "do mesmo modo que", intercalada entre os dois elementos confrontados:
● O carro de Renato é rápido como um avião.
● O Amor queima como o fogo. (Luís de Camões)
● O silêncio pesava como chumbo.
► No caso de abrir o enunciado, o conectivo [como] pode vir sozinho ou reforçado por expressões intensivas do tipo: como... assim; assim como... assim também: Como linhas paralelas que nunca se encontram, assim caminham nossas vidas. / Assim como linhas paralelas que nunca se encontram, assim também caminham nossas vidas.
2. Outro processo de comparação é o que se realiza por meio de uma determinada partícula num dos elementos, a qual obriga a presença de também determinada partícula no outro membro. São elas: Tal (tais)... qual (quais) – tal/tais... tal/tais – tal/tais)... como - tanto ou tão... quanto ou como - mais (menos, maior, menor, melhor, pior)... que ou do que:
● Tal pai, tal filho. / Cristina é tão estudiosa quanto Paula.
● A bola entrou pela janela tal qual um raio.
● Seu desempenho foi tal como eu esperava.
● O silêncio é mais precioso que (do que) ouro.
● Um fusca é menos espaçoso do que (que) um Opala.
● Nada o preocupava tanto quanto (como) a morte.
● A vida é tão perigosa como um combate.
► Nestes casos, frequentemente, acontece a elipse (total ou parcial), no segundo elemento, do predicado do primeiro: Não penso como você (pensa).
3. Para a comparação que se refere a fato inexistente ou não verdadeiro emprega-se o comparativo-hipotético [como se], com o verbo no imperfeito do subjuntivo: Ele agiu como se fosse louco.
4. Por fim, cabe destacar que a comparação reveste-se de duas formas:
a) Comparação simples ou pura quando confrontamos dois elementos de um mesmo universo: Este time joga melhor do que aquele. / Um fusca é menos espaçoso do que (que) um Opala.
b) Comparação metafórica ou símile quando confrontamos dois elementos de universos diferentes: A casa de Maria é escura como a noite. / Esta criança é forte como um touro. ®Sérgio.
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Informações foram retiradas e adaptadas ao texto de: CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em Construção. São Paulo: Editora Moderna, 2001. / Garcia, Luiz (org.) Manual de redação e estilo. 25.ed. São Paulo: Globo, 1998.
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