Vida no sertão

Galope a beira mar

Quando eu morava no interior

Com minha família sem nenhum emprego

Eu via meu pai sem nenhum sossego

Contando as moedas de pouco valor

Triste porque o feijão não vingou

E como ele ia a mim sustentar

Não tinha dinheiro não ia pagar

Aquela bodega que a nós vendia

Ai começava aquela agonia

De sair correndo pra beira do mar.

A seca malvada acabava tudo

Morria cavalo jumento e galinha

Minha mãe ficava dentro da cozinha

Olhando a panela e meu pai barbudo

Falava com ele, ele sempre mudo

Pensando na hora da gente almoçar

Não tinha a carne para misturar

Só tinha feijão farinha e torresmo

E eu vendo meu pai andando a esmo

Nos dez de galope na beira do mar

Não tinha energia não tinha banheiro

Não tinha internet nem casa bonita

A família toda sempre bem aflita

Conta pra pagar sem ter o dinheiro

Não tinha escova nem água de cheiro

Não tinha caderno para estudar

Nem o telefone para eu ligar

Para a família na grande cidade

Que vida tirana de infelicidade

Nos dez de galope na beira do mar.

Juciana Miguel
Enviado por Juciana Miguel em 10/12/2014
Código do texto: T5065055
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