As vezes é preciso.
As vezes é preciso chorar uma noite inteira de chuva, engasgar-se consigo, abraçar-se como se fosse a ultima vez, e então na manhã seguinte, com o cheiro de terra molhada, se despedir do seu velho eu.
Mudanças requerem despedidas. De coisas, pessoas, lugares que já não cabem mais no seu mundo.
Insistir no seu velho eu é como apor lembretes na geladeira, de coisas que não se repetirão mais. É por
o futuro no passado pra manter o passado no futuro.
Algumas mudanças são tão profundas que trazem a
sensação de que nos falta um pedaço tirado a força.
Algumas lembranças são tão violentas que assaltam.
Não da pra viver de vai e vem, e eu que não nasci pra ter certeza de nada, resolvi pular. E assim recomeço.