O POBRE-DIABO
(Fr/Pns/347)


      No inferno perambula, o pobre-diabo, cantarolando rouco suas canções extravasando emoções, para que sua jornada noturna passe e não caia em armadilhas esburacadas das calçadas para não perecer asfixiado pelos fétidos e letais gases subterrâneos, onde as ratazanas fazem festa, onde o circuito da cidade, inimaginável, para a maioria perpassa em minúcias, onde o vulcão está prestes a explodir sua língua de fogo, romper e explodir a cidade que dorme sem se dar conta que a terra é escavada e milhares de dutos estão debaixo dos alicerces do nosso sono, do concreto em que nos sentimos seres protegidos e trancafiados. Mal pode imaginar, ele, que mais protegido está em quaisquer partes, desse noturno em canções e sem ilusões, do que o mortal trancafiado que dorme o sono que pensa ser dos justos, mas, que acorda de sobressalto com o som do alarme que fustiga-lhe o pensamento e sua jornada, ainda nem começou. 
edidanesi
Enviado por edidanesi em 29/04/2017
Reeditado em 29/04/2017
Código do texto: T5984558
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