DEZ NOTAS PARA UM RÉQUIEM

1 No fim de nossos dias, até das dores e das mágoas lembraremos com ternura.

2 Não é o ódio a antítese do amor, costumamos amar e odiar simultaneamente uma mesma pessoa, o contrário do amor é o desamor, é a indiferença e não o ódio que ameaça matar o amor da humanidade.

3 Não há nada mais amargo na velhice do que as suposições que fazemos sobre o sabor adocicado daquilo que deixamos de viver.

4 O homem é, para os outros, aquilo que ele faz na vida pública, mas para si mesmo ele é apenas aquilo que não fez na vida privada.

5 Amor é um bolo com ingredientes como decepção, mágoa, dores, medos e não devemos retirá-los da receita, pois se nosso paladar não aprecia comermos cravo, sal ou canela puramente, são estas especiarias que dão sabor aos outros ingredientes.

6 O jovem de sonhar, o adulto de tentar e o velho de lembrar, dessas coisas se constitui a existência humana.

7 Viver deveria ser a soma de tudo aquilo que evitamos: sofrimentos, decepções e mágoas, mas bestialmente sempre preferimos a segurança e o conforto da vida solitária no meio da multidão.

8 No fim da vida, convém convencer a nós mesmos que sempre tomamos as decisões certas: isto não nos fará feliz, mas nos dará ao menos um simulacro de felicidade.

9 Triste não é olhar para trás e perceber que foi infeliz, triste é só perceber tarde que a felicidade bateu a sua porta por quase toda a sua vida, e você, por medo, vergonha ou orgulho, fez silêncio, fingindo não ter ninguém em casa.

10 Se voltássemos no tempo, certamente cometeríamos erros piores do que os que já cometemos, basta a cada homem o dissabor de apenas uma vida.

Saulo Palemor
Enviado por Saulo Palemor em 15/05/2016
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