Sobre amor

“Não sei que dias há, que na alma me tem posto, esse não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como e dói não sei porquê.”

Luis de Camões

PS: Essa mania que alguns de nós temos, eu, inclusive, de procurar um motivo mais científico e palpável para as coisas, tentando materializar algumas delas, talvez seja fruto da tal “modernidade líquida”, que nos escapa entre os dedos, quando tentamos reter alguma consistência que as justifique. Isso pode gerar alguma insegurança, já que o mundo, hoje, é plástico, modulável, à deriva de vários outros interesses e segundas intenções. Como ex-participante ativo dos antigos movimentos da UNE e DCE nos anos 70, lembro com carinho e respeito da citação do Marx (século XiX, vejam só) de que chegaria o dia em que tudo que fosse sólido se desmancharia no ar. Ou de Hobsbaw em sua obra sobre “A Era dos Extremos”. Lembro de não gostar de uma namorada que, me perguntando se eu a amava, me veio com aquele aborrecido “quanto?”, logo depois de eu responder que sim. Eu podia entender um “como?”, mas um “quanto?” me incomodava. Camões, com esse seu verso acima, sempre me trouxe a redenção, por mais cientista que eu tenha sido na minha carreira profissional. Gosto, como ele, de deixar o amor em paz, tal qual a felicidade. Seria ridículo eu me sentir “um pouco”, "mais ou menos" ou "muito" feliz.

GripenNG
Enviado por GripenNG em 08/02/2014
Reeditado em 08/02/2014
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