Começo de paixão
(...) Todo inicio de paixão é um alvoroço dos sentidos, uma corrida desatinada dos pedaços de nós mesmos para um centro de gravidade que se desloca para fora de nós, fora do nosso corpo, na direção de quem amamos. Aqueles dias foram assim. Tudo o que era meu, o que tinha sido e o que viria a ser, desde a escova de dentes, o guarda chuva, meus livros, minha agência, meu pequeno, mas simpático apartamento não pertenciam mais a mim mesma. Eu pelo menos tinha esta sensação. Mas o intenso de tudo era que meus planos, minhas recordações, meus pensamentos, o meu eu que não posso concretizar em objetos, a Natália que não pode ser dimensionada e nem conceituada, tudo parecia despencar em queda livre para o centro, que era o Henrique e eu sentia a mesma coisa dele. Tudo dele sendo direcionado para mim. Tudo era forte demais, desvairado e absolutamente delicioso. Era um ritmo de sentimento que me fazia sentir viva, pronta, inteira, completa. (Fragmento do livro NAS ASAS DA BORBOLETA)