Quando o coração trava a voz


     
Sim, existem tais casos. Quando por exemplo cometemos alguma injustiça desnecessária ou evitável ou fomos prepotentes em demasia com pessoas humildes e prestativas.

     Um dia, sobrevirá uma mágoa, um remorso, uma tristeza sem nome que não mais nos abandonará. E, complicando, a certeza de que não há volta no tempo para consertar nenhum ato ou gesto nosso...


     Portanto, procure se desculpar a tempo de algum deslize verbal grave, de alguma atitude impensada que humilhou ou magoou alguém mais pobre ou inculto que você: sentirá um alívio, seguido da paz dos justos.
     E seja feliz.

     Ora, estranha é a natureza das coisas e dos seres! Abri este título para falar de um poema da Lady Laura, que fez naufragar a minha voz, num encantamento soberano. E acabei priorizando temas paralelos.  Coisas do inconsciente.
     Eis o trabalho da moça:

               
"Meus olhos"
               Meus olhos, 
               abstratas velas
               que transcendem ao cais.

               Meus olhos,
               sóis,
               lemes de não-rota,
               marejados pelas
               incontáveis tempestades!

               Meus olhos,
               ausentes bússolas!

               Meus olhos,
               almas reflexas
               além da moldura das rugas.

               Ah! Meus olhos!
               Astrolábios no rosto!"

                                        (Lady)




Enviado por Jô do Recanto das Letras em 07/03/2012
Reeditado em 04/11/2012
Código do texto: T3541134
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