ROTEIRO (inspirado na história de Boi-Bumbá)

ROTEIRO ( inspirado na história de Boi-Bumbá)

Narrador, Napoleônio, Constancia, Pai Chico, Catherine, Merciel, Mulher de Merciel, Virgíneo, Capanga, Pajé

Narrador: Ao raiar do dia. Após o fechar das porteiras. Sentia-se por toda a fazenda Alto Riacho o cheiro do café passado pela escrava Madalena.

(pano na cabeça, roupas bem soltas, ambiente de cozinha)

Sentados a mesa estavam os senhores. A imponente Constancia e seu esposo, o impetuoso Napoleônio.

A conversa mais uma vez era sobre o maior bem. Embora tendo milhares de cabeças de boi, Napoleônio tinha apreço apenas por um. Um boi vistoso. Cheio de vigor. Que Napoleônio havia ganhado de sua querida avó, Delúcia.

Levantando-se da mesa...

Napoleônio diz: Aquele animal nunca será apenas um boi. Ele é um filho para mim. Mataria qualquer um que ousasse por o dedo nele.

Constancia intrigada levanta-se e vai para o quarto. Ela nunca aceitará o fato de seu marido amar tanto um animal. E não ter se importado com a perda de seu filho.

Sob o céu estrelado, Napoleônio aprecia seu boi ao mesmo tempo em que diz:

Meu Deus, por que levastes Daniel? Depois de mim ele era o único que sabia cuidar de Boi-Bumbá.

Narrador: Na manhã seguinte... lá no estábulo.

O casal de escravos, Catherine e Pai Chico conversavam...

Então a esposa diz: Meu Chico estou com um desejo incessante. Quero uma língua de boi.

O esposo tira o chapéu de palha e coça a cabeça agoniado.

Ele olha para ela e diz: que moléstia é essa, mulher?

Eu não tenho boi. E chegamos a pouco tempo na fazenda. E nunca que seu Napoleônio nos daria um.

Narrador: No final da tarde com a chaleira na mão a mulher volta a fazer o pedido:

Chico, o desejo esta aumentando. O que será de nosso filho se eu não comer?

Chico, atordoado, sai... e não diz para onde.

Narrador: Mais cedo ele já havia comentado com um amigo sobre o desejo de sua esposa. E aperriado com a insistência dela ele foi até ele para pedir ajuda.

MERCIEL! – disse Chico. Com uma lanterna na mão direita e uma foice na mão esquerda.

- ninguém aparece.

MERCIEL, MERCIEL...grita Chico.

- alguém surge à porta.

O que foi, Chico? pergunta Merciel.

Eu vim aqui pedir ajuda. O desejo da mulher não passa. Vamos comigo cortar a língua de um boi. O patrão tem vários e não sentira falta.

- Merciel ficou pensativo...

Enquanto sua esposa gritava lá de dentro:

Não vá, Merciel. Não vá!

Ele pensou alto e diz: e se fosse minha mulher? Pegou o casaco que estava pendurado e uma faca e foi com o amigo.

**********************amanhecia na fazenda Alto Riacho**************************

Os galos cantavam, os cavalos corriam. E Madalena abria as cortinas da Casa Grande.

- surge Napoleônio.

Que pede para Madalena chamar seu capataz, Virgíneo, e pedir que o encontre no cercado onde esta o Boi- Bumbá.

Chegando ao cercado Napoleônio não avista seu boi. Monta num cavalo. Da a volta em todo o local e constata que ele não esta ali.

Enquanto isso vem chegando Virgíneo.

Enfurecido, Napoleônio desse do cavalo e grita para Virgíneo: Bumbá não esta aqui! Fui roubado pela vizinhança. Quero os melhores homens em busca do responsável. Quero a morte de quem fez isso. Mas tentem encontrar o boi.

Seus homens vem e vão na missão de encontrar o boi e os responsáveis.

Com o sol já se pondo, chega Virgíneo e conta a Napoleônio.

- Senhor, encontramos Bumbá. O Senhor precisa vê-lo!

Desesperado, Napoleônio grita: o que fizeram com Bumbá? Eu quero a cabeça dos responsáveis.

Entre os capangas um comenta para Virgíneo:

- próximo a fazenda temos uma aldeia. Dizem que o pajé de lá já curou todo tipo de bicho.

- Virgíneo (em off) conta para Napoleônio.

Napoleônio se exalta e diz:

Por que a demora? Tragam logo esse pajé!

Vê-se a cena na aldeia. Um dos capangas fazendo o convite e em seguida levando o pajé.

Chegando ao local onde esta o boi

O pajé é acolhido sob a aflição de Napoleônio que diz: salve Bumbá. Salve meu filho. Pelo o que é mais sagrado. Não deixe que ele morra. Eu não suportaria mais essa dor.

- Não se tem falas do pajé.

Acontece o momento de tentativa de cura. Lá estão o Pajé, Virgíneo e Napoleônio.

Napoleônio diz a Virgíneo: eu não posso mais ficar aqui parado. Vou para casa e quero que encontre o culpado por isso. Terá que pagar cada gota de sangue derramada.

- Napoleônio sai.

- Por um instante fica a cena de cura.

Em seguida, já na Casa Grande. Os capangas batem a porta e chamam pelo seu senhor.

Patrão? Encontramos os responsáveis.

Foi esse casal de escravos recém chegados – diz um dos capangas empurrando o casal para o patrão.

Napoleônio diz: levem-nos para o tronco! O castigo vai começar.

Desesperado, Chico clama pelo perdão:

- meu senhor, fui eu quem cortou a língua de seu boi. Eu não sabia da importância dele para o senhor. Minha esposa esta grávida e desejava língua de boi e nós não temos boi.

Nos perdoe!

Lhes serviremos pelo resto de nossas vidas...

Não nos mate...

Não mate nosso filho.

Nesse momento chega Virgíneo, o Pajé e Constancia.

Calma! - pede o pajé

Constancia diz: você não pode matar uma criança. Ela nem nasceu. Não tem culpa do ato de seus pais.

Napoleônio revolto grita: eles mataram meu segundo filho! Devem ser mortos.

O Pajé grita: bumba esta vivo!

Napoleônio não tinha percebido a presença do pajé e quando ia gritar mais uma vez: mate-os.

Foi interrompido pelo Pajé

Pajé: ele esta vivo!

Napoleônio olha e diz: vivo?

Pajé: ele foi curado e vive.

- Napoleônio sai às pressas para ver o boi.

- Alguns acompanham.

No local:

Chorando, feliz e agradecido ao pajé, ele diz:

- Meu filho vive!

- Vejam quanta beleza!

- Cada passo seu é para mim motivo de alegria.

- é preciso festejar! Faremos uma festa.

***************************a alegria toma conta do lugar****************************

- Um dos capangas pergunta a Virgíneo sobre o que fazer com o casal.

Virgíneo se dirige ao patrão.

- Que inesperadamente diz: meu filho vive! Deixe que vivam também.

***********************o casal não aparece mais*************************************

Ainda no local, Napoleônio diz:

Chamem Constancia! Ela precisa ver!

************** Constancia chega e se alegra como nunca antes****************

Já em ritmo de festa. Começam a chegar pessoas.

E dançam observando a dança e a beleza do Boi-Bumbá.

*************** Fica a cena da dança, pessoas bebem e comem*****************

Narrador: a partir desse dia essa história chegou na boca do povo e foi passando de geração pra geração. E a festa foi se modificando. Criando vida. Ritmos. E símbolos diversos. E invadindo os palcos do mundo.

As pessoas celebram e veem na cura do boi um ato de esperança, de livramento. E um grande gesto de perdão.

Apesar de toda riqueza que os senhores da Casa Grande possuíam eles ainda tinham uma pequena chama de humanidade. Principalmente Constancia que houvera perdido seu filho Daniel.

Boi-Bumbá era para Napoleônio um segundo filho. E daria sua vida por ele.

Essa história nos trás muitos aprendizados e um deles é de que devemos continuar acreditando. Mantendo a esperança. Sendo sempre grato. Porque viver sempre exigira de nós: cura, equilíbrio, confiança, alegria, muita festa e fé!

Ronaldo Crispim
Enviado por Ronaldo Crispim em 07/11/2023
Código do texto: T7926565
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