AMIGOS INSEPARÁVEIS E A HISTÓRIA DA FIONA

Em uma tarde chuvosa, os três amigos estavam em polvorosa, por não poderem brincar. Limitados às suas casinhas teriam que ficar. Tigrão muito inquieto pediu ao cão Faísca: “ Faísca, meu amigo, faça dessa tarde uma glória contando-nos uma história”. Faísca olhando para chuva, na testa uma ruga, se põe a espreguiçar:

“Tigrão, meu menino, hoje nosso destino é mesmo conversar”.

Felícia só olhava, a preguiça não disfarçava, deitada continuou a observar:

“Tigrão é muito jovem e impaciente, a chuva passa logo e iremos passear”.

Cão Faísca se lembrou da companheira que pouco tempo ali ficou:

“Tigrão, vou lhe contar a história da cadela Fiona, muito meiga e linda que viveu neste lugar”.

Tigrão se aproximou ao lado do cão Faísca deitou e com as patinhas apoiando a cabeça começou a se interessar.

Faísca respirou e a memória refrescou começando a relatar:

“Ela apareceu não sei de onde, pelo mato se escondia, a noite ela vinha pela comida procurar e tinha medo de se mostrar. Acho que foi abandonada, da cidade retirada e aqui na fazenda conseguiu chegar”.

A gata Felícia também se lembrou:

“Era uma cadela bem grande, veio na época em que o Tigrão era um recém-nascido. Lembro-me dela, marrom e amarela, latia e comia sem parar. Amizade não fiz muita pois tinha medo de meus filhotes ela pisar”.

A história cada vez mais ao Tigrão parecia interessar. E Faísca continuava;

“ A dona por ela se encantou, o amor despertou e dela quis cuidar. Deu banho, fez amizade e de boa vontade resolveu a cadela adotar. Fiquei tão feliz pois uma companhia eu estava a ganhar. Ela ficou bem adaptada, gostava da morada e da atenção a ela destinada”.

Enquanto isso a chuva estava constante, aumentava a cada instante e os amigos continuavam a conversar:

“E onde sua amiga tão querida está a morar”?

Faísca delicadamente respondeu:

“Calma, Tigrão, a história em questão estou a lhe contar. “

Mudando de posição o gato Tigrão agora ouvia com atenção:

“A dona cuidou dela e até levou para castrar. Assim que se recuperou a Fiona resolveu as terras explorar. Nada disso conhecia, cada bicho que surgia vinha me perguntar. Mas numa noite bem escura fez travessura e saiu quando um barulho veio a captar. Eu estava dormindo e apareceu na bananeira uma cobra urutu, as de cruz na testa, maldade a elas é o que resta e a Fiona infeliz seguindo seu nariz foi ao bicho cheirar. Quando escutei o ganido, lati bem aflito para os donos acordar. Foi um Deus-nos-acuda, corri para pedir ajuda, mas quando cheguei só a cobra estava lá. Ela sibilava nervosa e falava:

“A outra veio me incomodar. Não tenho defesa, mordi sem pensar”.

Faísca continuava: " Fui me afastando, pois o perigo em minha frente estava. Mas essa cobra também já conhecia, veneno ainda escorria e tomei distância para me salvar. Ainda avistei a Fiona correndo desesperada, sem rumo na mata adentrava, já devia estar cega, a coitada. Nisso o dono veio e sem galanteio a cobra teve que eliminar. Foi necessário, caso contrário, poderia aqui voltar”.

O gato Tigrão se remexe e vai deitar com a mãe Felícia:

“Coitadinha, minha mãe, essa não teve sorte, foi cheirar a morte”.

Faísca agora tentava terminar:

“Os donos procuraram por Fiona ,dia após dia e nada se via, nunca mais ninguém viu e nem achou para enterrar. De onde ela veio, cobras nunca havia visto e não soube se afastar”.

Felícia aí resolve aproveitar e completa:

“Tigrão, que lhe sirva de lição, nunca se aproxime do que não sabe identificar”.

Faísca só lamenta muito e se atormenta por não ter podido a Fiona salvar.

E assim seguem a vida... cada dia vencido na fazenda é vitória a comemorar...

Maria Cristina Amaral Oliveira
Enviado por Maria Cristina Amaral Oliveira em 08/07/2023
Reeditado em 09/07/2023
Código do texto: T7832039
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