Reunião no inferno com o chefe Capetão

Enquanto isso, lá no inferno se inicia mais uma reunião entre o Capetão e a capetaiada:

- Bom, vamos iniciar nossa reunião ordinária de prestação de contas dos capetas. Quero saber como estão os resultados das nossas investidas. Assim, sem mais demoras, quem é o primeiro da pauta?

- Sou eu chefe.

- Ah! Avarento. Como você se saiu com aquela missão que lhe dei. Se me lembro bem você deveria atacar aquela igreja que estava enviando missionários para vários lugares. Então me conte, quais seus resultados?

- Chefe, segui exatamente como o senhor me disse. Comecei a colocar na cabeça dos crentes que eles não deveriam investir tanto em missões.

¬- Ok. Mas que estratégia você uso para que eles parassem de ofertar para missões?

¬- A grande questão, chefe, é nunca querer fazer com que eles parem de ofertar. O segredo mesmo é fazer com que eles vão diminuindo o valor da oferta. Das vezes que tentei fazer com que eles parassem de vez de ofertar, nunca surtiu efeito pois eles não aceitam para de uma vez. Mas basta fazer com que eles diminuam o valor da oferta, ou então que não sejam fieis mensalmente. Coloco na mente deles que eles já dão o dízimo e que já fazem o suficiente. O resultado é que a igreja diminuiu o número de missionários, e muitos deles já tiveram que volta para casa.

- Ótima notícia. Gostei da sua estratégia. De fato, quando nós queremos fazer com que esses crentes parem alguma coisa de vez, eles nos repreendem logo. Mas basta agir com sutileza, fazendo com que eles pensem que o que fazem já é o bastante. Então, cheque mate. Quase sempre dá certo!

- Prosseguindo. O próximo é Discórdia.

- Aqui, chefe.

- Discórdia, posso ver aqui no Plano de Estratégia Infernal para Igrejas e Congregações que você deveria fazer com que os crentes começassem a ter inimizade entre si. Então, diga-me como vai o seu progresso?

- De vento em poupa, chefe. A coisa mais fácil que tem é fazer crente brigar. Confesso que é a tarefa mais mole que já tive. Muitas vezes nem preciso fazer nada, que eles já começam a brigar. Esse mês eu deveria ir a uma reunião do grupo de líderes da mocidade de uma dessas igrejas, com o objetivo de fazer com que no meio da reunião houvesse algum desentendimento. Mas quando cheguei lá eles já estavam todos discutindo. E como eles não oram mais, então é tarefa infantil agir no meio deles.

- Muito bom. As notícias são as melhores possíveis. Sendo assim, quando eu for prestar contas ao principado ele vai ficar satisfeito. Talvez até não me torture sem motivo.

- Por último, Frieza!

- Presente chefe.

- Frieza, espero que você tenha boas notícias para me dar. Então vamos lá, você deveria fazer com que uma igrejinha deixasse de pregar a Bíblia, para que eles esfriassem espiritualmente. Estou ansioso para saber quais são seus resultados.

- Chefe, as notícias não são boas. Por favor não se irrite comigo, mas deu tudo errado. Nossos planos não se concretizaram!

- Posso saber porque você é o único que não conseguiu ter êxito em seus objetivos infernais? Você não fez tudo como manda o Manual que lhe dei, aquele intitulado “Dez passos para se acabar com uma igreja”?

- Fiz exatamente tudinho o que prescrevia o Manual. Fiz os dez passos, aliás, repeti ao dez passos umas mil vezes. Mas nada. Não houve resultado nenhum!

- E posso saber porque não houve resultado nenhum, já que aquele Manual é quase que infalível?

- Chefe Capetão, tá lembrado daquela velhinha bem pobre, que mora em um casebre e vive doente?

- Sim, lembro-me bem dela. É aquela que orava bastante?

- É exatamente esta. A grande questão é que ela ainda ora muito, e intercede pela igreja. Toda as vezes que ela ora, o Senhor houve a oração dela, e pronto, é vai tudo por água abaixo.

- Mas, um dos passos que o Manual orienta é de sempre atacar previamente os crentes de oração, antes de se atacar a igreja. Você não a atacou antes?

- Ataquei de todas as formas. Mas não adianta. Quanto mais eu atacava, mais ela orava. E o senhor sabe quando um crente ora, e nos repreende nós ficamos sem totalmente amarrados. Não sei mais o que fazer com aquela velhinha. Eita velhinha que ora!

- O pior pesadelo para os capetas é um crente que ora.

¬- Ainda bem que o senhor sabe. Se ao menos ela fosse jovem, então agente iludia ela com as bobagens da internet, do Facebook ou mesmo do WhatsApp. Mas ela nem sabe que essas coisas existem.

- Então infelizmente só tem uma coisa a se fazer!

- O que chefe Capetão?

- Temos que esperar ela morrer, e torcer para que não haja mais crente de oração como ela.

- É o que eu espero.