A Pedra zangada

“Enfim a Primavera”! Exclamou a jovem pedra à beira do rio.

Olhava a água correr e muita inveja sentia, pois por mais que tentasse se mover, não podia.

Uma linda flor desabrochou bem ao lado da Pedra. Suas pétalas eram sedosas e balançavam suavemente com o vento. A Pedra que já não se continha de tanta raiva pela liberdade da Água, se deparava com a beleza da flor:

“Tanto lugar para você nascer, veio logo aqui me afrontar?” Disse a Pedra, em calorosa recepção de boas vindas à bela Flor, que respondeu:

“Olá, Pedra adorável! Estou aqui para lhe fazer companhia e também admirar esse lindo rio que não me deixará morrer de sede.”

A Flor admirou-se da cor da Pedra, de sua forma alongada e reluzente e não compreendeu o motivo de sua braveza. Mas decidiu tornar-se amiga dela mesmo assim. Então, toda vez que vinha um ventinho, a Flor jogava suas pétalas em cima da Pedra, que no início zangava-se e pedia para que a outra tomasse cuidado para não arranhá-la com aqueles “braços” todos. “Já me basta a Água estar sempre me molhando e toda alegre”!

Um velho caramujo que ia passando ouviu as queixas da ranzinza Pedra e parou para conversar com elas:

“Quantas belezas temos aqui, não é mesmo?”A invejosa logo respondeu: “está de gozação comigo! Como eu poderia ser bela em meio a esta Flor e esta Água? Me imagino correndo por aí sem que nada me impeça, como faz a água. E a flor que balança para lá e para cá, macia e encantadora, enquanto eu, fico aqui paralizada e gosmenta.

A flor não gostava de aborrecimentos, então dobrou suas pétalas para não ouvir toda a conversa.

O velho disse à pedra: “ Você passa tanto tempo admirando e invejando a beleza delas que se esquece da sua. A Água nunca descansa e também, nunca é a mesma que você vê. A Flor só dura uma primavera e está aqui bem ao seu lado te acariciando e perfumando a todo momento. Mas você, Pedra, é eterna! Tem o privilégio de admirar muitas águas que por aqui correrão e muitas flores que perto de ti nascerão! Se alguém tentar te lançar fora, não conseguirá, pois a água te mantém muito escorregadia. Agora vou indo e pense um pouco sobre isso”!

A Pedra olhou para Água e chorou... Há tanto tempo que estava ali, nunca sorriu para agradecê-la. Olhou depois para a Flor que nada estava entendendo, tirando lentamente as pétalas dos ouvidos:

“ Está chorando? O caramujo lhe ofendeu?”, perguntou aflita a florzinha. A Pedra respondeu:

“Estou chorando de vergonha! Fui ingrata com você e com a Água. Obrigada a vocês duas por estarem comigo”!

E essa foi a mais feliz primavera que a Pedra pôde ter. A Água continua correndo e a Flor já se foi, mas a Pedra é sempre a Pedra.

Moral da História: Por mais que a situação pareça ruim diante da condição de outras pessoas, resista, você é forte! Não inveje os outros! Enxergue o lado bom das coisas sempre. Aproveite cada momento com as pessoas que estão ao seu lado. Ame-as e nunca seja ingrato.

Michele Valverde
Enviado por Michele Valverde em 13/05/2016
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