FÁBULA RECONTADA: "O MÁGICO E OS CARNEIROS"

Era uma vez um grande senhor das coisas que gostava de criar carneiros.

Carneiros eram dóceis, saborosos e ainda geravam muito lucro.

E todos os dias o grande senhor escolhia alguns carneiros, geralmente os mais gordos e os mandava abater.

Escolhia um bom bocado de carne que reservava para a sua refeição e vendia o restante nos açougues.

Porém, o rebanho aumentou e os carneiros, de tanto presenciarem os atos do grande senhor, começaram a ficar assustados, alguns revoltados e resolveram se unir em grupos para debaterem a situação.

Esse comportamento dos carneiros trazia mais trabalho ao grande senhor e diminuía o lucro.

O grande senhor, então, consultou um especialista.

"Fácil" - disse o especialista em grupos de carneiros - "Fácil resolver o problema. Basta hipnotizar os carneiros para que cada um dele ache que é algo melhor que um carneiro: um leão, uma onça, uma raposa esperta, uma cobra, etc; qualquer coisa. Eles só não podem pensar ou imaginar que são carneiros."

E como a propriedade era enorme o grande senhor mandou instalar aparelhos de televisão em todas as baias.

E todo o tempo, principalmente ao anoitecer, quando os carneiros voltavam dos campos e se reuniam nos currais, o hipnotizador usava lúdica imagens para atrair a atenção dos carneiros e com grande maestria hipnotizava a massa para que cada um pensasse ser algo maior do que ele era na verdade.

Assim, depois, todos os dias o grande senhor das coisas abatia abertamente seus carneiros.

Pendurava-os nas árvores e passava-lhes facas afiadas nos pescoços.

A esguichar sangue pela grama em terrível horror.

E embora todos assistissem, nenhum deles sequer se preocupou.

AQUILO SÓ ACONTECIA COM OS CARNEIROS.

E o grande mágico já os convenceram que eles eram outros animais.

Não era um problema deles.

E seguiram mansamente as suas vidas, a pastar, a imaginar quimeras, de como era valente sendo leão, ousado sendo uma onça, audaz como um orangotango, gracioso como uma corça, esperto como uma raposa...

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Obrigado pela leitura.

Fiquem em paz.

Essa fábula é antiga e não recordo o autor, que com certeza soube contar melhor que eu.

Só não sei se ele teve melhor oportunidade.

Sajob - abril / 2015