Uma velha coruja

Era uma velha coruja, e por ser velha e coruja, gostava de ficar absorta em seus pensamentos e anseios.

Os outros animais da floresta julgavam-na uma sábia coruja, suficientemente forte para manter-se equilibrada nos altos galhos, olhando de cima o movimento da floresta sem intervir na agitação reinante.

Durante o dia, seus movimentos eram previsíveis: mantinha-se envolvida por cores e perfumes de flores. Nas tardes frias, pousava sobre velhos troncos em busca de raios de sol para se aquece.

Entretanto, ao anoitecer, ela mergulhava em um mundo de sonhos, e sem que os outros animais percebessem, ela voava de volta a antigas paragens, sob a luz da lua e das estrelas. E assim, pela manhã, lá estava a Dona Coruja revigorada, pronta a cumprir seu papel de observadora.

O que os outros animais não sabiam, era que ela, a coruja, não era sábia nem forte; apenas aprendera a amar a todos e camuflava com sorriso suas dores e carências.

Dona Coruja aprendera que a floresta era uma grande ilusão. E que não adiantava ficar se debatendo contra espinhos que surgem inesperadamente; que mais ferem quanto mais nos agitamos.

Tudo na floresta segue uma lei impenetrável, que deve ser aceita.

O melhor, para evitar sofrimento, é voar pela floresta apreciando a beleza de seu colorido, sem se apegar a magia de seu canto sedutor.

Porem, cada animal da floresta terá que descobrir por si só, e em seu devido tempo, o enganoso canto da quimera. Para tal, não adianta ensinamentos, só é possível alertar.

Enquanto o esclarecimento não chega, o melhor é aceitar a floresta como um grande presente!

Lisyt

Lisyt
Enviado por Lisyt em 06/03/2015
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