Uma sabiá que se foi,.

Em uma tarde, de suave melancolia, sentada a frente de uma tela luminosa: resolvo expor meu canto, na tentativa de atrair algum pássaro.

Após algum tempo, surgem pássaros encantados, que esvoaçam e cantam ante meus olhos. Fico atenta e cativa do canto de cada pássaro. Enlevada os observo.

Ali, volto todas as tardes, em busca dos pássaros e de suas canções, enquanto tento sufocar meu pranto e melhorar meu canto. E assim, em todos os outros dias, os pássaros se aproximam. Passo a distingui-los pelo bater de suas asas e a peculiaridade de seus trinados: são cantos alegres, tristes e envolventes. Com eles aprendo a ouvir e a compartilhar meus lamentos e minhas alegrias.

Diariamente eu os espero como a pedir que aprovem meu canto.

Eles chegam se apresentam e partem. Alguns demoram a voltar, mas eu os espero. Outros esquecem o caminho da volta; tento ir ao encontro deles. Mas há os que estão sempre presente: Eu os amo, sem que eles saibam.

Certo dia, um deles não voltou. Era uma sabiá de canto leve e solto que encantava a quem a escutasse. Estava cansada de tanto bater de asas. Disse adeus e foi cantar por entre as nuvens, distante do peso terrestre.

Os outros pássaros ficaram tristes e perderam o ânimo de cantar. Mas veio a noite, com seu negro manto reluzente de estrelas, e o novo amanhecer trazia, nos primeiros raios de sol, à certeza do eterno recomeço.

E assim, em todos os outros dias, a lembrança da querida companheira estimula todos os pássaros a emitirem seus cantos, cada vez mais alto, para sufocar a saudade.

Lisyt
Enviado por Lisyt em 13/06/2014
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