O velho índio

Um viajante, certa vez, encontrou um velho índio no caminho que seguia uma trilha fabulosa de arvores grandes e frondosas.

Observando o jeito do velho índio sentado numa pedra segurando uma pena de pavão, admirando suas belíssimas cores, não conteve a curiosidade.

_ Olá, o que o senhor faz aqui? está esperando alguém?

Mas o velho índio nada respondia.

O homem de mochila nas costas olhou minuciosamente o local para ver se tinha alguém por perto e tentou outra vez comunicar-se com o velho índio, mas dessa vez, aproximando-se um pouco mais.

_ O que você faz aqui? e essa pena, o que tem de tão importante? Falou quase por sussurros.

Mas como antes, nenhuma palavra se quer, mantendo seu olhar catatônico, quase hipinótico, sobre a pena.

Isso começou a intrigar ainda mais o viajante. Pensou em esperar um pouco para ver o que acontecia, se apareceria alguém para falar com aquele homem. Repousou sua mochila pesada sobre as raizes de uma grande árvore que ficava a mais ou menos um metro de distância do homem sobre a pedra; pegou uma garrafa de água na mochila e esperou para ver o que aconteceria.

Quando percebeu que ja havia passado algum tempo sem que nada acontecesse, levantou-se limpando a terra que ficou nas calças por ter sentado no chão, levantou a mochila e a pôs sobre os ombros, decidindo ir embora.

Foi então, que o viajante notou uma coisa diferente no velho índio, ele parecia estar mais jovem.

O viajante ficou atônito com aquilo.

_ Ei, senhor, o que aconteceu? por que você parece mais jovem?

O Velho homem, que não era mais tão velho assim, levantou-se, virou seu rosto em direção ao homem confuso, e falou com uma voz grave e calma:

_ Homem, por que você procura em viagens o que pode achar em simples coisas, como a que tenho na mão, por exemplo? _indicando a pena com um olhar _ Quando aprendemos a apreciar as pequenas coisas, podemos sentir todo o resto. Posso ver todas as cores do mundo através desta simples pena de pavão. Você pode conhecer lugares e mares, mas se não aprender a contempla-los, concentradamente, jamais sentirá sua verdadeira beleza.

Ouvindo tanta sabedoria de um velho e desconhecido índio, o homem finalmente entendeu o motivo de sua insaciável busca de aventura em viagens desconhecidas: estava buscando, de forma errada, sentir a beleza dentro de sí.

Aproximou-se do velho sábio, e agradeceu com humildade pelas palavras.

O índio sentou novamente em cima da pedra e voltou à sua velha posição. E ainda olhando para o jovem, disse:

_ Você é um dos poucos, que em 300 anos, parece ter entendido a sua busca. E voltou seu olhar de antes em direção da pena de pavão.

Suane Cruz
Enviado por Suane Cruz em 27/06/2012
Reeditado em 15/07/2012
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