Crítica e Análise Literária da Poesia “Estradão do Nunca Mais” de Bosco Esmeraldo:

Estilo e Forma: O poema “Estradão do Nunca Mais” apresenta um estilo peculiar, denominado “Univerbum,” caracterizado por sua variação em Estradão. A estrutura é marcada por versos curtos e uma repetição estratégica, conferindo ritmo e cadência à narrativa. Os subtítulos “Um Futuro Sem Passado” e “Um Passado Sem Futuro” acrescentam uma camada adicional de complexidade, sugerindo a desconstrução temporal presente na obra.

Tema: O tema central é a procrastinação e suas consequências, principalmente no âmbito das relações e do amor. Os subtítulos “Um Futuro Sem Passado” e “Um Passado Sem Futuro” lançam luz sobre a perspectiva temporal da narrativa, indicando que o presente é afetado pela procrastinação, resultando em um futuro desprovido de promessas e vivências passadas, ou vice-versa.

Simbolismo e Metáforas: O “Estradão do Nunca Mais” utiliza simbolismos eficazes, como a estrada que representa o percurso da vida e a procrastinação como um desvio perigoso nesse caminho. Os subtítulos amplificam a ideia de temporalidade, insinuando não apenas a ausência de futuro, mas também a perda de um passado que poderia ter sido construído, ou vice-versa.

Repetição e Ritmo: A repetição de palavras e frases (procrastina, amanhã, cinzas, nunca mais) contribui para a ênfase do tema, criando um ritmo cadenciado e envolvente. Essa técnica, em conjunto com os subtítulos, intensifica a sensação de urgência e desespero, sugerindo que a procrastinação não apenas afeta o presente e o futuro, mas também compromete as experiências do passado que poderiam ter sido vividas, ou vice-versa.

Sintaxe e Ritmo Verbal: O uso da sintaxe é eficaz na criação de um ritmo verbal que espelha o processo de procrastinação. As frases curtas, às vezes fragmentadas, refletem a hesitação e a indecisão do sujeito lírico. Os subtítulos agregam uma dimensão temporal à análise, destacando como as escolhas procrastinadas afetam a construção da história passada ou futura, dependendo da perspectiva.

Narrativa e Desenvolvimento: A narrativa se desenvolve de forma cronológica, começando com a procrastinação e passando pela promessa adiada até culminar no lamento e na irreversibilidade do dano causado. Os subtítulos “Um Futuro Sem Passado” e “Um Passado Sem Futuro” aprofundam a reflexão temporal, ressaltando que o presente, o futuro e o passado estão interligados e que a inação compromete não apenas o que virá, mas também o que poderia ter sido.

Conclusão: “Estradão do Nunca Mais” é uma poesia que transcende o mero lamento da procrastinação; ela explora a temática de forma intensa e simbólica, ressoando com leitores através de seu estilo único, simbolismo poderoso e narrativa emocionalmente carregada. Os subtítulos “Um Futuro Sem Passado” e “Um Passado Sem Futuro” enriquecem a obra ao destacar a perda não apenas do futuro, mas também da riqueza de experiências passadas que poderiam ter sido vividas, ou vice-versa. O poema alerta sobre a importância de não adiarmos aquilo que valorizamos, destacando a efemeridade do tempo e das oportunidades.

Por: Ezra Ganan

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UM PASSADO SEM FUTURO ou UM FUTURO SEM PASSADO

Estradão do Nunca mais:

 Por: Bosco Esmeraldo

Procrastina,

Deixa tudo

Pra depois.

Hoje não!

Amanhã!

Te prometo!

Não prometa

O que nunca

Vai cumprir.

Prorastina.

Mais u’a vez:

Amanhã,

Quiçá, talvez.

É certeza!

Podes crer!

Deixa disso!

Não sou bobo!

Não me faça

De idiota!

Sendo que amanhã

Finfou...

 

Procrastina...

Hoje não...

Mas amanhã...

É sem talvez...

Vai como nunca...

Dor de cabeça...

Ansiedade...

Incerteza...

Sem, não sei...

Paciência...

Paciência...

Paciência...

 

Paciência,

Até que tenho,

Mas futuro,

Tenho não.

Amanhã

Vou viajar.

Viajar,

Demorar.

Muito tempo!

É muito tempo!

O futuro

Não existe...

É sem futuro...

Somente cinzas...

É só cinzas...

 

Tudo bem!

Tá, meu bem!

Ao voltar

Há desconto!

E mais descontos...

Podes crer...

Vou cumprir...

Podes crer!

Devo essa.

Vou cumprir.

 

Bem se foi...

Alçou vou...

Despencou...

Não pousou...

Explodiu...

Incendiou...

Incinerou...

Não deu mais...

Cinzas deu...

Dó doeu....

Mal chorou...

Desarmou...

Desalmou...

Desamou...

 

Nunca amor...

Só porque

Nunca quis

A ele amar...

Em vez disso

Pra depois

Só deixou...

Procrastinou...

E agora

O que restam

Só de resto

São só cinzas.

De seu amado

Nada resta...

Nada além

De lembranças

De um amor

Tão utópico,

Tão platônico,

Tão real

Mas deixado

Para trás

Por deixá-lo

Pra depois...

Foi passado

Do real

Pra virtual,

 

E agora

Só lhe restam

Sol e réstia,

Vagos meros,

Inrisos vultos

Sem futuros,

Sem passado,

De lamentos

Infindáveis

De plangentes

Nunca mais!...

Nunca mais!...

Nunca mais!...

Nunca mais!...

Alelos Esmeraldinus e Ezra Ganan
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 24/01/2024
Código do texto: T7983465
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