De quando conheci o Pacífico..

A viagem serpenteia montanhas.

Parece até que dá voltas em todas as montanhas possíveis.

Na madrugada fez muito frio, olhei para a janela, para o penhasco e que sensação,

que zonzeira!

Melhor tomar um Dramin...

Que zonzeira!

Sono.

Acordei, mais sono!

Que calor!

Cadê as montanhas?

Deserto?

Cadê as plantas?

Xerófitas.

Rochas, muitas rochas!

tudo seco!

Deserto.

Casas pobres, muito pobres.

Coca Cola, lanchonetes, Kiosque.

E para não esquecer onde estou, Inka Cola, Kiosque com propaganda da Inka Cola.

O ônibus para e entra pessoas vendendo comidas, como eles comem, como fazem coisas para comer.

E como falam, 1 sole, 2 soles...

O ônibus saí...

Segue caminho, já está longe e os vendedores ainda não desceram.

Como vão fazer pra voltar daqui do meio do nada?

Tomara que a venda tenha sido boa. De certo vai voltar com uma motinha daquela que parece uma navezinha espacial.

De repente uma surpresa...

tem umidade no ar...

uma neblina,

O que é isso no horizonte?

Ondas?

horizonte?

Eita,

É o mar! É O MAR!

Olá mar!

Olá Pacífico!

Muito prazer!

Vim aqui para te conhecer!

Pensei que demoraria mais.

Sequidão, lugar seco.

Há vegetações em alguns lugares.

Como eles plantam com tanta sequidão? Quanta Inteligência!

Casas, construções pobres, diferentes, adaptadas, barracos, barracos no meio do nada e estrutura de barraco no meio do nada...

O mar sumiu...

casas.

O mar apareceu...

o mar sumiu...

sumiu de vez.

Construções, casas, carros, outros carros, muitos carros e buzina, muita buzina...

buzina pra tudo e todos os lados.

Cidade grande, favela, correria, buzina,

trânsito parado, buzinas.

É Lima, é cidade, é cada um por si.

Metrópole, ta frio!

O frio está nos rostos das pessoas!

Parece que estou em SP.

Tipo SP na beira do mar e com buzinas, muitas buzinas.

Ônibus para...

será que Lima é aqui mesmo?

Mas não vou descer assim!

No meio da rua e embaixo de um pontilhão.

Nem todos desceram, deve ter uma rodoviária.

Ônibus para o transito...

E o trânsito não para, mas não anda. E buzina.

Mais buzina.

A roda só dá uma volta e para!

Trânsito, muito trânsito,

favela.

pouco movimento, muito movimento, mas, trânsito parado.

3 horas de pouco movimento.

E chega, não chega à rodoviária, mas numa garagem.

o caos está instalado no entorno, pessoas correndo, pessoas vendendo...

pessoas carregando mercadorias...

trânsito parado,

rua estreita,

não vou descer aqui, não.

há de ter uma rodoviária, mas não tem e todos vão descer aqui.

e se juntar àquela multidão lá fora.

Eu quero morar aqui, pois não sei de cidade grande.

O moço joga a minha mochila, o jeito é ir pra massa e fazer cara de massa pra não chamar atenção.

Não tem táxi! E agora?

Se minha mãe estivesse aqui saberia o que fazer,

mães sempre sabem,

um táxi vazio,

corre

e pergunta

Está vazio,

Me leva para Miraflores,

-30 soles (até por 50 soles moço)

-Fica tranquila moça, vamos para Miraflores...

Trânsito, buzina...

-Fecha janelas, aqui é perigoso.

-Aqui pode abrir, aqui não é.

-Por que a moça ta viajando sozinha? Não procura um chico?

-Aqui há muita diferença,

começa pelos carros,

-Estes são carros chiques aí,

se acham mais que nós...

o preconceito é forte aqui

trânsito...

buzina.

-Ande com cuidado...

vamos chegar.

-Quantos custa um taxi no Brasil?

-Se eu ganhasse 100 soles numa corrida, que feliz eu seria...

-Chegamos, moça...

-Boa sorte.

Boa sorte!

Buzina.

(24 horas de viagem de Cusco para Lima, em 2016)

Menina do mato
Enviado por Menina do mato em 29/10/2017
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