Universo da Noite

No escuro da noite, prazeroso sofrer

Noite após noite, negando ceder

Vem madrugada, janela de frio

Em meio de sombra, lua nova vil

No infinito do espaço, absurdo latente

Limando com fogo, suor descendente

Assim eu me queimo, até renascer

Ardente vivência, nobre transcender

Réstia de luz, cinzenta amanhã

Corpo inerte, gelado, sem dor

Visão da Aurora, breve conformar

Mente em latejo, ébrio torpor

Na luz renasço, voltando de cinzas

Deixo meu canto, ardendo em mínguas

Penosa missão, sórdida existência

Volto à vida, eterna incoerência