De grão em grão [60]

A vida possui naturalmente um movimento de “cresce e encolhe”. A vida, e muita coisa nela, é um eterno sobe e desce, aumenta-diminui, esquenta-esfria. E isso não para nunca!

Os dias, as estações, os relacionamentos – tudo ferve e congela. Tem muitas coisas que a gente gosta que entra e sai, vai e vem, estica e puxa. Mas tem outras incômodas.

Os movimentos literários e artísticos em geral também passaram por essa gangorra, esse revezamento descansatório. Houve eras em que se valorizou o detalhe, em outras, o movimento e, para isso, sem detalhes. Em algumas épocas, as obras eram voltadas a Deus e na era seguinte, centrada no Homem.

Falando agora menos filosoficamente, cito os exemplos dos aparelhos de celular. Quando surgiram, eram verdadeiros tijolos! Não havia como escondê-los no bolso. Depois a tecnologia os fez diminuir de tamanho. E recentemente, os mesmos rumos tecnológicos voltaram a fazer a tela crescer, para poder executar as milhares de funções, além de meramente telefonar.

As modas são assim também! Não tendo mais o que inventar, reinventam, retornam ao antigo. E dão os nomes mais chiques: clássico, vintage, retrô, anos 70, 80...

Com as peças íntimas não é diferente. As cuecas (evidentemente as masculinas, porque sei que existem cuecas femininas) são exemplo do vai e vem: já foram grandes ceroulas e samba-canção, depois diminuíram para o modelo slip e há alguns anos cresceram de volta com a boxer. Mas existem tantos modelos diferentes, grandes e pequenos, que hoje uma bagunça geral convive perfeitamente para satisfação de todos os gostos.

Já com as calcinhas (femininas, óbvio), ocorre um vai e vem peculiar. Em relação ao tamanho dos modelos predominantes, elas têm diminuído, diminuído, diminuído... a ponto de se confundir com um objeto usado para limpar os dentes. Reduziram tanto, que não servem mais para tapar, mas para evidenciar, para alegria geral do público apreciador do conteúdo das peças íntimas femininas.

E aqui está então o movimento de cresce e encolhe das calcinhas, não no tamanho, mas na função: antes eram grandes e escondiam pouco, hoje são pequenas e evidenciam muito.

Como vemos, nada escapa. Tudo dilata e murcha, endurece e amolece. Às vezes, não exatamente na hora que a gente quer. Então cuidado...

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 09/12/2014
Código do texto: T5063761
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