Sobre "A linguagem e subversão" de J. Moncks.

Parecer de Luciana Carrero

Muito bem, caro irmão Joaquim Moncks. Agora nos encontramos numa ideia aprazível aos meus conceitos populares. É salutar a gente não ter só academicismo e professorar, o que, para mim, apesar de ser um bom trabalho seu, pode ser íngrime e ingente. "Poesia é universo da subversão da linguagem", sempre pensei assim, há mais de 40 anos e, apesar de não concordar plenamente, você esteve sempre defendendo a exatidão da palavra e colocado muita censura prévia ao ato de poetar, à cirurgia do poema, etc. A própria cirurgia do poema é uma censura do artista contra si mesmo, é uma forma regrada de fazer poesia, de fazer chegar ao que o poeta quer e não à poesia que chega virgem como uma ninfa melíflua; onde não há reparos a fazer Tem suas razões, por certo, mas, com este texto, vem um pouco para o centro da poesia. É belo este papel de professar. quando levado a sério, no sentido de proporcionar uma visão geral, e não com uma visão de convencer. Temos que trabalhar todos os lados da poesia. Por isso seu trabalho é importante, mas o autor tira, de tudo um caldo, e aí aparecem os fenômenos como Quintana e Fernando Pessoa. Poeta é coisa rara. Adestrado deve ser pior ainda, porque ninguém é poeta o tempo todo. Em poesia sou de vanguarda, sempre fui, sem deixar de admirar-te pelos teus conceitos, que vejo crescerem mais um pouco em ti, mas não o seguindo, embora não deixando de colher de ti o que me cabe, já que és estudioso e pesquisador. Mas uma coisa é certa: Poesia é comunicação, acima de tudo, mas não é propriedade, porém, quando muito e legalmente, é direito autoral. Parabéns pelo belo texto. Você realmente não fez a fama para deitar na cama. Mesmo acadêmico e muito festejado por mim, estás acenando agora para um outro lado, tão necessitado, o do povo que precisa de emoções, às quais raramente se encontram na justeza da palavra e na censura prévia do poema. As poucas poesias que encontrei na minha faina, são pedras brutas, não lapidadas. Quando muito, são corrigidas. Abraços daqui do caminho do meio, onde me encontro. Você é necessário num cenário realista. Mas "a arte é o caminho mais curto de coração a coração", como disse-me um dia minha irmã em arte Selma Nerung, que bem conheces. Felicidades.