Refém

Olhava e lá estava um oceano em seu olhar, mares desconhecidos... Azul cristalino me provocando a mergulhar, sabendo minha ingenuidade de não saber nadar. Apertava o nariz e lançava-me como criança apesar do medo de não poder respirar.

Tinha os cabelos cor de ouro, de um brilho que hipnotizava e me deixava tola, aturdida...

A pele tinha um toque diferente, a maciez de escamas mágicas.

Tinha sinais no corpo todo com um mapa na pele de um titã.

Tinha formas perfeitas, contornos dignos de admiração... vidrada estava por suas expressões.

Um ar jovial trazia nos sorrisos contidos que se notavam de canto de olho.

Trazia consigo palavras antigas, ideia perdidas.

Trazia essência da mais bela magia.

Tinha mãos firmes, uma força de acalmar os pequenos corações...

Escondia uma fraqueza, daquelas que dão vitória ao inimigo se descoberta.

Temia realizar um sonho, o medo já o havia contaminado.

Possuía a vontade de ser desvendado, de ter seu enigma quebrado.

Sua pureza não estava extinta podia notá-la quando reagia as minhas inquietações.

Ninguém conseguiria compreender a grandeza de tal tesouro.

Era de magnitude rara, daquela que arrancava lágrimas de cristal de meus olhos indefesos.

Dono de muros altos, de pedras tão lisas impossíveis de serem escaladas.

E mesmo assim eu observava, tramava uma forma de estar com ele, pois tinha receio de que o peso da realidade o matasse aos poucos. Era meu dever trazê-lo de volta ao seu mundo, suas origens.

Daquele momento em diante eu já não seria mais dona de um destino previsível, minha saga estava traçada.

Viajante e errante por instinto estava presa a uma ideia sem máculas. Ao regaste de uma alma, predestinada a ser sua, por consentimento a me tornar “escrava”.