Entrevistando a cigarra

-Bom dia Dona Cigarra! Por que tanto cri, cri, cri, sempre no mesmo tom?

-Quando emitirás outra nota?

-Outra nota? Que queres dizer com isso Senhor Repórter?

-É Que devias inventar outra nota e parar com esse cri, cri, cri, tão monótono e fastidioso.

-O que quer dizer esse cri, cri, cri? Insiste o Repórter.

-No que a Cigarra diz: psiuuu!!! silêncio!!! ouça outro cri, cri, cri que vem lá daquela árvore, no outro lado do rio.

-Mas afinal o que significa esse cri, cri, cri?

-A cigarra respira fundo e solta um estridente cri, cri, cri... eu digo: meu amor, meu amor, meu amor...e ela responde meu amor, meu amor, meu amor...

-Mas só isso? Retruca o Repórter.

-Já quase perdendo a paciência, D Cigarra diz: Tu que me criticas e estranhas meu comportamento, saibas que sempre te vi sentado abaixo desta árvore repetindo: meu amor, meu amor, meu amor...e tua companheira, ao teu lado, bem juntinha, respondia: meu amor, meu amor, meu amor, até pensei que tua língua só tinhas essas duas palavras.

-Mas que estranha filosofia D. Cigarra. Mas, enfim tens razão, em partes.

-Nós, Cigarras, cantamos quando estamos longe uma da outra - e calamos quando estamos juntas... E vós, homens, falais até quanto estão juntos... Será que amamos mais do que os homens?

-Por acaso sabes, Sr. Repórter, por que o sol, a lua, as nuvens, as flores, o azul do céu não cantam?

-Não! Por que seria D. Cigarra?

-É porque eles amam tanto que qualquer palavra, quando eles estão juntos, diria menos do que diz o silêncio.

-Mas, afinal, o que eles amam?

-Não sei!

E D. Cigarra continuou no seu empenho de atrair uma parceira... cri, cri, cri... era sua grande poesia...

Adaptação do conto do H.Rohden - A Cigarra

Raio Eterno
Enviado por Raio Eterno em 06/07/2023
Reeditado em 08/07/2023
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