Trechos da entrevista concedida ao repórter David Sheffe da revista Playboy.

Davi Sheffe: Para início de conversa John Lennon afirma: enfim, porque as pessoas não acreditam em nós? quando dizemos que nós simplesmente nos amamos! Indaga John.

David Sheffe: e sobre o novo disco? Do que se trata?

John Lennon: resumindo é um disco sobre as coisas ordinárias entre duas pessoas comuns. As letras são diretas, simples e objetivas, já passei desta fase dylanesca há muito tempo, com músicas como: I am the walrus; o velho truque de nunca dizer o que quer dizer, para dar a impressão de algo mais, uma boa sacada, só de brincadeira.

David Sheffe: de que tipo de música que você gosta?

John Lennon: bem, eu gosto de qualquer música. Não distingo estilos de música ou pessoas por si próprias. Não posso dizer que apreciou os Pretenders, mas gosto de seus discos. Gosto dos B'52,s, e os vi tocando Yoko. Foi magnífico. Eu gosto dessa coisa punk, é pura. Só não sou fanático em relação a pessoas que se destroem a si mesmas.

David Sheffe: bem, as suas músicas ainda são muito tocadas. Como você se sente?

John Lennon: eu fico sempre orgulhoso e satisfeito. Me dar prazer, mesmo porque muitas das minhas músicas não são lá essas coisas. Pois eu vou para um restaurante e a banda logo ataca de Yesterday. E autografei até um violino de um fã na Espanha, e depois ele tocou a música Yesterday.

David Sheffe: como você se sente, ao saber que influencio tantas pessoas?

John Lennon: não fui eu realmente ou nós. Foi a época e aconteceu o mesmo comigo, na década de 50, quando eu ouvia rock n roll. Eu não tinha a menor idéia de fazer da música um meio de vida, até que o rock me agarrou.

David Sheffe: o que vocês diriam àqueles que insistem que todo o rock, depois dos Beatles, é cópia dos Beatles?

John Lennon: toda música é cópia. Só existem algumas notas. São variações sobre o tema. tente dizer pra essa garotada dos anos 70, que vibra com o Bee Gees, que a música deles é cópia dos Beatles. E não há nada de errado com eles.

David Sheffe: mas as músicas dos Beatles não eram mais inteligentes?

John Lennon: eu direi que os Beatles eram mais intelectualizados, por isso mesmo, eles se destacavam nesse nível também. Mas o apelo básico dos Beatles não era a sua inteligência e sim a sua música. Só depois que alguém do Times de Londres disse que havia cadências eólicas em It won't be long é que a classe média passou a prestar atenção_ pois alguém tinha inventado uma etiqueta para a coisa.

David Sheffe: e há cadências eólicas em It won't be long?

John Lennon: até hoje não tenho a menor ideia do que seja isso. Serão pássaros 🐦 exóticos?

David Sheffe: sobre este seu novo álbum, tem uma música: os tempos duros acabaram ( por enquanto) o que você quer dizer com isso?

John Lennon: não é uma messagem nova: dê uma chance para a paz_ nós não estamos sendo lunáticos, só dizendo: dê uma chance a paz! E com imagine a gente dizia: podemos imaginar um mundo sem países ou religiões? Pois é a mesma messagem de novo.

Textos extraídos do livro: O Pensamento Vivo de John Lennon. Editora Martin Claret_1986. São Paulo/Sp.

Déboro Melo
Enviado por Déboro Melo em 20/09/2022
Reeditado em 20/09/2022
Código do texto: T7610341
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