Zé Premobio entrevista o escritor Fábio Pacheco

1) Quando você começou a escrever? E você recebeu ajuda de alguém no começo? Como foi a sua trajetória literária até hoje?

Eu comecei a escrever seriamente quando tinha 25 anos. Porém, sentia que tinha essa virtude há muitos anos, desde quando tinhas uns oito ou nove anos de idade. Naquela época eu recebi influencia de dois amigos de infância que despertaram em mim esse dom. No entanto, eles produziam histórias em quadrinhos e eu naturalmente segui os seus passos. Aprendi primeiro a desenhar para depois aprender a escrever as histórias. Tudo foi lentamente. Com o passar dos anos me aprimorei nessa arte, de tal forma que com quinze anos já escrevia histórias em quadrinhos com argumentos complexos. Criei diversos super-heróis nesse período. E já no final dessa fase, quando já estava prestes a ingressar numa universidade, eu comecei a trabalhar na elaboração de HQ,s de suspense e terror. É bom enfatizar que em nenhum momento pensei em publicar esse material, apesar dos constantes conselhos dos meus familiares. Julgava que não estava pronto para isso.

Quando ingressei na faculdade de arquitetura, abandonei as HQ,s devido à sobrecarga de compromissos universitários. Contudo, no meio do curso percebi que existia uma lacuna em minha alma na qual a arquitetura não conseguia suprir: era liberdade de criação. Estava muito preso as normas técnicas de criação arquitetônica, faltava aquela liberdade de outrora. Aí eu comecei a refletir como poderia preencher essa minha necessidade intelectual: a principio eu pensei em ter como hobby a pintura mas logo vi que não era isso que eu queria. Então comecei a ler livros de literatura e foi a partir daí que descobri o que poderia acabar com a minha angústia criativa. Apaixonei-me pela arte de escrever. De fato, descobri o poder de uma caneta e de um papel na vida de uma sociedade. Então, já que possuía o dom de criar histórias desde o meu tempo de infância, não foi difícil começar a desenvolver esse trabalho. Apenas precisei, na verdade, aprofundar-me nos estudos da nossa gramática e das literaturas brasileira e estrangeira. Após isso, não demorei muito para produzir o primeiro livro de contos: “Carimbos e Protocolos”. E hoje, fora o primeiro que já foi publicado e que já está sendo vendido pela internet, eu já possuo ao menos três livros prontos faltando apenas as correções rotineiras a fim de puder publicá-los. E também algum dinheiro pra isso.

2) Qual a sua opinião sobre a literatura brasileira contemporânea?

O Brasil foi berço de grandes escritores no passado, principalmente no séc. XIX e XX. Alguns deles são conhecidos até em outros paises, como, por exemplo, Machado de Assis, Jorge Amado e Clarice Lispector. No entanto, atualmente a nossa literatura não tem a mesma fertilidade e qualidade do passado. Existem, evidentemente, alguns autores de elevada qualidade, como Ariano Suassuna. Miltom Hatoun, Affonso Romano de Santana, João Ubaldo Ribeiro, Moacir Scliar, Adélia Prado, Maria Adelaide Amaral, dentre outros. De fato, não sei o motivo dessa problemática literária, talvez seja o tíbio apoio dos poderes públicos e privados, ou quem sabe talvez seja a educação do nosso país, que visa apenas ao vestibular e a profissionalização dos estudantes, deixando de lado a leitura e a criatividade artística. Só sei que se continuarmos por esse caminho, num futuro não tão distante, a literatura brasileira será lembrada tão-somente pelo que foi no passado.

3) Qual a sua opinião a respeito da televisão brasileira?

Sinceramente, com exceção do que é produzido pela TV Cultura e pela TV Educativa, existem poucas produções que despertem o meu interesse na programação televisiva. Novelas, filmes, jornais, programas de auditório; tudo parece ser tão homogêneo e monótono. Julgo que esse cenário só melhorará com o surgimento da consciência crítica na população brasileira.

4) E acerca do cenário político do nosso país, qual a sua opinião?

Hum... Presumo que o Brasil está cada vêz mais mergulhado em sujeiras políticas. Cada vêz mais são descobertas irregularidades no uso do dinheiro público. Mas isso é bom. Pior seria se nunca houvessem essas descobertas. Ficariam escondidas sob o mar da burocracia por toda a eternidade.

As investigações policiais e do próprio Congresso Nacional enfrentam tramas e situações típicas de romances de Sidney Sheldon ou Edgar Allan Poe. Os personagens principais, que antes eram protagonistas da novela política, agora estão se tornando verdadeiros antagonistas. Porém, sei que essas transformações são apenas um estado de natureza passageira, pois sei que no Brasil o tempo promove o esquecimento de tudo.

De qualquer forma, eu ainda acredito que o nosso país pode um dia ser uma grande nação no aspecto econômico e social. Afinal, temos um país de terra fértil e imensa extensão territorial e que é habitado por um povo numeroso e trabalhador. O que falta é um planejamento estratégico de desenvolvimento. Pode ser o recém lançado PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) de autoria do governo Lula, pode ser outro plano criado num futuro próximo ou distante. O importante é que ele dê condições de modificar o triste quadro sócio-econômico do nosso país.

*Esta entrevista continua em breve.

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Fábio Pacheco
Enviado por Fábio Pacheco em 19/08/2007
Reeditado em 20/08/2007
Código do texto: T614454