Uma noite com Mateus Ambra

Entrevista exclusiva à Marlo Mellace

Porto Alegre, Maio de 2009

Marlo Mellace- Bah gurí ! Logo eu prá te entrevistar, não vai prestar, já sabe que vou pegar pesado, mas de cara, acho que todos vão querer saber, o que te deu, pra vir pra cá, POA, de mala e cúia, ou de mala e cuíca, como vc mesmo diz, deixando aquela linda praia de Copacabana, onde você morou quase sua vida inteira. Conta ai Tchê.

Mateus Ambra- Primeiro, boa noite a todos, e prá você vai minha saudação: cazo allright ! Tá rindo né, mas pode perguntar o que quizer, e pegar pesado, nada que eu não possa contar aqui, nesse papo informal, bebendo um vinho tinto seco, acompanhado de nossos amigos, mas voltando a sua pergunta, Marlo, eu já tava de saco cheio de Copacabana, mas eu amo aquela praia, você sabe que do meu quarto ao me levantar já avisto aquele marzão da janela e parece que o dia vai ser uma verdadeira festa, só que isso repetidas vezes, ano após ano, e já são quarenta anos no mesmo lugar, ficou previsível, e monótono, aí em 2004 prá 2005, conheci a Flávia, gaúcha, e a coisa ficou desse jeito que tá hoje, meio ano cá e meio ano lá na cidade maravilhosa, se não fosse ter que viajar de avião, tavá show de bola, detesto avião, você sabe, qualquer tipo de avião.

Marlo Mellace- Jacarézinho...avião...

Mateus Ambra- Essa escada pra ficar aqui fora, vou chamar o síndico.

Tim Maia !

Marlo Mellace- Por falar nisso, conta pra gente tua formação musical.

Mateus Ambra- Eu estudei teoria musical na Escola de música Santa Cecilia, na Praça da Bandeira, lá no Rio de Janeiro, eu tinha uns dez anos e até os 13 aprendi teoria e alguma prática num instrumento que tem vários nomes, uns chamam de sanfona, outros acordeão, outros gaita, qualquer nome que tenha, eu não gosto do instrumento,

e acabei largando pelo violão, por causa da bossa nova e dos The Beatles, meu primo Franco ( vc lembra dele ) tinha um violão em casa, e eu sempre passava lá com a desculpa de visitar minha tia, pra tocar violão, no caso só saia uns arranhões, mas foi no ginasial no Colégio A.C.M. ( associação cristã de moços ) que conheci os primeiros integrantes de uma Banda de Rock lá da rua André cavalcanti, ( centro do Rio ) um deles era o Arthur Senos de Jesus,

que estudava comigo na mesma sala, e os demais eram: Renato Senos primo do Arthur, Renato Monza ( um cara mais velho que nós todos, tinha uns 18 e nós tinhamos 14, 15 por ai ), esse Renato era filho de uma Chacrete, ele tinha os cabelos loiros e lisos e compridos, seu pai ele nunca havia conhecido, sabia-se que era italiano de Monza, daí Renato Monza, lembrava muito o Brian Jones, rs...ah o nome da banda mudava toda semana, exemplos: TREZE, Feira do Lixo, Dedus, e The Lions, ainda contava com a participação de Magrinho, Walt macaco. ( O Walt Macaco e eu oriundos de Santa Tereza, e conteporaneos do Cantor de sucesso o José Augusto, ele foi nosso amigo de ir a missa, na igreja NS de Fátima, na Rua do Riachuelo, no RJ, enfim minha formação musical começa aí nos anos 1968 e 1969,

muito Beatles, bossa nova e a Tropicália, e aí começo aprender a tocar guiatarra, muito mau, mas começo.

Marlo Mellace- E como vc conhece os Leones da Ladeira Frei Orlando que tambem tinha uma banda.

Mateus Ambra- O Walt Macaco me levou pra tocar num ensaio dos Boat Boys que era antes The Boston Boys, porque a turma da andré cavalcanti estava pegando pesado nas drogas, e os ensaio eram mero pretexto para tal, nós saimos e nos juntamos aos irmãos Leones, Roberto e Luis, eles tinham instrumentos e aparelhagem.

O repertótio era Jovem guarda, e Renato e seus blues caps.

Marlo Mellace- É verdade, que você chegou a ir aos dois ensaios num mesmo sabado.

Mateus Ambra- Não. Fui lá na André Cavalcanti 214, pegar meus livros, do Drumond de Andrade e um do Manoel Bandeira, nesse dia o Arthur Senos, me deu de presente o primeiro LP do Caetano Veloso, com dedicatória e td, tenho ele lá em caa é um bolachão, vinil, e na contra capa, uma dedicatória do Arthur, como se fosse um pedido pra ficar na Banda.

Marlo Mellace- e vc não ficou, nem com essa raridade hj, esse vinil.

Mateus Ambra- Não. o ambiente era muito woodstock. Mas esse LP me fêz gostar de escrever. Alias eu e o Arthur, no primeiro ano do ginasial, na ACM, escrevemos um livro, de letras de músicas, lembro de alguns títulos: O quadrado, Zita, ( essa Maria Zita ) namorada do Arthur, ( eu gostava dela tambem ) lembro que num dia desses de matar aula lá no atêrro, eu com os lápis coloridos, caneta hidrocôr, estava fazendo desenhos nas mãos nos braços dos amigos e vice- versa, eu fiz uma rosa no rosto dela, ela adorou ficou com ela até no dia seguinte, quando nos vimos de novo na sala de aula. E eu Arthur e Zita andavamos sempre juntos,mas nunca mais subi a André cavalcanti pra tocar ou fazer quaquer coisa. Lembro que fomos ver o filme dos Beatles submarino amarelo os 3 juntos. Nos separamos porque eu sempre tive um sonho de estudar no Colégio Pedro II. sede centro, no RJ, e adorova o uniforme, Calça azul marinho, camisa branca com escudos e berinbelas e a famosa gravata azul claro.

Marlo Mellace- E lá vc conhece mais maluquetes ainda.

Mateus Ambra- Parece que me perseguem. rs

Marlo Mellace- Nessa época vc deixao cabelo e o bigode crescer, fica com pinta de George Harrison, John lennon e Frank Zappa, eu lembro.

Aquele cabelo tipo gal Costa...rs

Mateus Ambra- Recentemente a Flávia scaneou todas essas fotos minhas de cabelo grande, e bigode e magrinho né...Tenho num CD pra recordar e comprovar...

Marlo Mellace- Conta um pouco sobre a japonesa no Colégio Pedro II.

Mateus Ambra- Ah ! Eu era ruim de esportes, franzino, criei um tipo,

era considerado pelos mais fortes e mais os em evidência atravéz do meu conhecimento musical, e que gostava de escrever e sabia de todas as novidades que vinham de fora, lia Rolling Stones, Revista POP, o jornal Paskin etc. Foi num papo desses sobre o Disco Araça Azul do Caetano Veloso, conheci a Maria Japonesa, da mesma classe, faziamos o Cientifico ( de engenharia ) no Colégio Pedro II, que ela entrou, comentando que ela havia comprado e tinha gostado muito pouco, também pudera um disco todo experimental, muito a frente do tempo. Tentei explicar algumas coisas, e ai toda vez que esbarrava comigo comentava algo do disco, algo que havia descoberto e foi assim que começamos a namorar. Foram dois anos fumando juntos,

sentando juntos, indo a biblioteca juntos enfim, viramos John and Yoko.

Marlo Mellace: E como vc virou comerciante !

Mateus Ambra: Meu Pai tava virando um grande comerciante, já havia aberto duas firmas, uma serralheria e uma vidraçaria, ambas em botafogo, e tava passando de classe remediada para classe A alta, derrepente ele monta mais uma empresa com um antigo amigo e vizinho nosso de Santa Tereza, e monta a Metalurgica Italvigo Ltda, também em Botafogo, e isso era bom pro meu pai, porque me afastava daquele mundo perigoso ( o da arte o da música ), e me colocava no mundo dos negócios, sendo eu primogenito, tinha tudo a ver. Foi num domingo, depois do almôço, meu pai me disse: amanhã você dá uma passadinha lá na firma, foi em 1975, senão me engano agosto, e meio contrariado iniciei minha vida profissional.

Marlo Mellace- Mas dizem que mesmo lá vc sempre deu um jeito de promover Bandas e festivais, dizem até que tinha uns ensaios aos sabados lá na loja !

Mateus Ambra- Não é bem assim. Banda mesmo só a Semana Santa, banda performática com o Clóvis Molinari Jr, es genro do sócio do papai, Sixto Perez Santamaria, e teve um disputa de samba enredo para um Bloco nosso o Barriga de Ramos, participaram meus amigos:

Damata, De mola, Titio, e Walter, me lembro que ganhou o samba do titio. Mas depois de muito tempo sempre tinha um violão lá na firma, e rolava uns showzinhos, eu e o Luis ( um cara que tocava violão era cobrador de uma Clinica Chamada Arnaldo Quintela ) rolava muita cerveja.

Marlo Mellace- Deu pra ganhar dinheiro !

Mateus Ambra- Pula essa parte, mas deu pra ganhar algum sim.

Marlo Mellace- Como eram as sexta-feiras lá na rua Arnaldo Quintela numero 32, do lado da metalúrgica tinha um bar né !

Mateus Ambra- Ah ! Depois das 16 horas começava a chegar carro, e ia estacionando onde desse, e geralmente pinatava uma galera legal.

Foi de em boca em boca, e foi o primeiro baixo leblon que eu vi, porque, as pessoas ficavam bebendo pela rua, perto dos carros, os garçons circulavam a rua servindo, e sempre a cada semana, mais gente vinha. Começou a ser assim: Vamos visistar o Ambra.

Passavam lá na firma para me saudar, e já iam para o bar começar os trabalhos, lá pintava namoros, brigas, intrigas, músicas, tudo em fim.

Marlo Mellace- Foi assim que surgiu o Bloco Barriga de Ramos !

Mateus Ambra- Foi sim, num desses carnavais, que o carnaval de rua tavá apagadissimo, demos a idéia. Mas saiu pouco, concetrava mais para beber cerveja.

Marlo Mellace- Dizem que vc namorou a Nara Leão.

Mateus Ambra- e a Sharon Stone tambem. rs. sacanagem.

O que aconteceu com a Nara é o seguinte: ela nos anos 88, 89, caminhava pela areia da praia de Copacabana, eu num dia desses nubladissimo, trocamos umas palavras no caminho.

e Quando vi, no mesmo horários estavamos lá fazendo o mesmo trajeto. O resto não conto, não interessa, e não tenho como provar.

Marlo Mellace- Como foi que vc conseguiu o De Mola fazer a segunda parte da música dele, pois so tinha: O Cara tava muito doido ta doido tava doido. Só dizia tatatatatatatatatá

Mateus Ambra- Sempre falava pra ele. Ta boa a música. É popular.

mas falta a segunda parte, ta quebrada a letra. Depois de uns 3 anos, me aparece e me diz que fêz a segunda parte da música e cantou toda ela. dizia assim: o cara tava doido, tava doido, só dizia tatatata tatatat atatatata. agora segunda parte: ele foi para a universidade foi para estudar, só que no fim do ano se formou em tatatatatatatatatá. Até hj a gente canta e diz é do De mola, uma obra popular, rica...rs e ele me agradece a insistência para completar a obra.

Marlo Mellace- Maravilha. Eu fiz um samba com ele. ( As mulheres são as colheres são usadas na hora da sopa ) lembra Ambra !

Mateus Ambra- Claro né.

Marlo Mellace- Mas gosto mesmo a música que vcs fizeram; na minha casa tem uma H` general ( aga linha ).

Mateus Ambra- Um Hit mesmo.

Marlo Mellace- E os The Beatles...

Mateus Ambra- Tirando o Ringo Star, eu adoro !

Aqui encerra a primeira parte da entrevista

Erratas

Perdõem o teclado não estava configurado para o ponto de interrogação, ora substituido por exclamação.

Continua.

Mateus Ambra
Enviado por Mateus Ambra em 29/06/2009
Reeditado em 11/11/2009
Código do texto: T1674156
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.