Inefável

Como podemos ver nos gráficos:

Na paixão há um declínio emocional que pende para

o absurdo.

Para cada perdão, mil rancores são assassinados a

sangue frio.

Um sorriso tem energia suficiente para iluminar um

Estado crítico.

No vazio da alma cabem todas as galáxias visíveis,

(e ainda tem espaço para a dúvida).

A cada desabafo, uma célula cancerígena se implode.

Toda a história da humanidade cabe em uma hora de

sonho.

O peso da terra equivale à dor da perda.

Um copo de lágrimas é a medida exata do oceano da

angústia (e não se nada por ele sem se afogar).

Há cada dez amores iniciados, todos desaguam na

borda da desilusão.

De acordo com a onisciência:

lembranças tem cores mortas;

o esquecimento é a força que decompõe o universo;

o tempo é indivisível, logo, passado, presente e futuro

não existem,

coexistem.

Por ano, cinco mil pessoas retornam de sonhos

alegando terem ouvido cores,

outras cinco mil juram que conseguiram ser abduzidas

pelo silêncio.

Mil folhas escritas com ideias que mudariam o

mundo, caem atrás das escrivaninhas e são consumidas

por traças;

Para cada 10 mil traças alimentadas das boas ideias,

nenhuma faz algo fora de sua natureza.

Pelas respostas dos entrevistados, observamos:

reflexos não sabem que existem apenas nos espelhos.

E pelas estatísticas,

todo ser humano é um presidiário, um carcereiro, juiz

e a sua própria cela.

Nos resultados dos testes aplicados, foi unânime que

a saudade é abstrata, invisível, mora no coração e pesa

mil toneladas.

O desejo é o motor da máquina da vida.

Paradigmas são delírios coletivos.

E o desprezo é a lâmina mais afiada.

É constatado que a natureza lamenta alguns de seus

erros de trajeto

(somos um deles).

Um tantinho assim de rancor altera o curso de uma

vida.

Não é certeza que a poeira nos cantos da casa são

células mortas,

já as células humanas são compostas de poeira, água

e uma pitada de morte.

Com base nos dados lançados ao tabuleiro do caos:

todos os propósitos do universo são alheios à

existência humana.