ARRUMANDO O Quarto (A Vida)

Recentemente me peguei pensando o quão simbólico pode ser arrumar o próprio quarto ou outro cômodo da casa onde mais ficamos. Tenho a sensação que ao arrumar o meu quarto estou arrumando a minha própria vida e por consequência me parece real a ideia de que a bagunça externa é espelho de uma bagunça que acontece dentro de si. Comparo meu quarto e minha vida porque as etapas dos processos de faxinas são parecidas. Pois, quando estou em processos de mudança (crise) me sinto confusa, perdida e até desmoronando, percebo como isso se reflete sobretudo no lugar onde mais fico: meu quarto.

Então, quando reconheço minha bagunça (interna e externa) imediatamente começo a limpar mas não, não acontece assim… seria legal, inspirador porém IRREAL dizer que as coisas, o meu quarto e vida acontecem dessa maneira. A verdade é que reluto

bastante! Procuro ignorar: jogo a poeira dos medos para debaixo do tapete, finjo que não é comigo: digo que os livros bagunçados não foram minha responsabilidade, me engano: acredito que as pilhas de inseguranças se dobrarão sozinhas e com tudo isso me paraliso: “Como deixei chegar a esse estado?”, “não sei por onde começar”, “não consigo”.

Entretanto, por ainda continuar tentando (viver) depois de muito sofrer procuro arrumar ambos. Arregaço as mangas (tomo coragem); me armo de ferramentas de auxílio: vassoura, balde, esfregão (cuidado, apoio, resiliência); entro no quarto (observo a vida); jogo fora os excessos: roupas que não mais me cabem (algumas máscaras), papéis desnecessários (fantasias que não condizem com a realidade), fracos vazios (fazia, mas já não faz sentido); procuro unir o útil ao agradável (o é necessário ao que me traz conforto); Coloco as coisas no lugar: objetos novos e antigos (o que fui e o que sou), experimento decorar (embelezando a presença); nem sempre (mas estou empenhada em aprender) por fim contemplo o bom trabalho (comemoro o “consegui”) e me permito aproveitar.

Pode parecer óbvio mas o óbvio é importante de ressaltar: os processos de faxina (fora e dentro de si) são difíceis de realizar, embora ao escrever esteja a romantizar. Eles exigem esforços e muitos outros fatores, como: o seu tempo, sua energia e até o entendimento de que a bagunça (interna e externa) vai acontecer outra vez, porque nunca desarrumar (estabilidade/perfeição) seria como não viver, não permitir-se experimentar (bagunçar) e não ousar se perder (no caos) para depois se encontrar (limpar). Além do mais, uns dos principais aprendizados que busco ao arrumar meu quarto (ao viver) é que merecemos nossa gentileza, compreensão e CUIDADO independente das somatórias dos erros e acertos (bagunças e arrumações) e/ou do seu cenário atual. VOCÊ É DIGNO DE ESTÁ VIVENDO (ESTÁ ARRUMANDO) SUA VIDA PARA SI.

Chayane das Chagas
Enviado por Chayane das Chagas em 31/01/2024
Código do texto: T7989236
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