Strawberry Switchblade

Escutar Strawberry Switchblade é como se você estivesse coberto por uma memória da infância dentro de um sonho. Sabe, é distante, as imagens não são claras e a sensação é uma agonia misturada com conforto. As baterias eletrônicas combinadas aos teclados trazem essa sensação agridoce. As letras são intimistas e relacionáveis, elas são cheias de melancolia, mesmo se a música for upbeat.

Em Who Know What Love Is, a cantora começa ambientando o cenário externo (seu quarto) e interno (sua mente). É solitário e dolorido, ela passa seu tempo em seu quarto assistindo tv e folheando páginas enquanto pensa em seu amor impossível. O que me faz deduzir que esse amor é impossível? A introdução do eu lírico só e fantasioso que está buscando saber o que é o amor. A música já é uma pergunta que vem de alguém que parece estar distante dessa pessoa desejada, alguém que deseja que essa pessoa fosse o amor para assim ter sua resposta a esse vazio de não ter alguém que você deseja por perto.

Em Ecstasy (Apple Of My Eye), a música faz com que eu questione se essa proximidade com seu amor foi realizada ou é mais um produto da fantasia desse eu lírico intimista. Parece que o eu lírico sonha com um cenário perfeito de êxtase em resposta a realidade solitária que abafa suas vontades. A letra vem da perspectiva de alguém que já não enxergava sentido, mas encontrou em outra pessoa significado outra vez.

A letra que mais exprime nostalgia é Since Yesterday, apesar da letra poder ser interpretada como um resultado de uma guerra nuclear, vou analisar essa letra puramente como uma confissão de alguém que encontra conforto nas memórias de ontem. O eu lírico começa com um pedido, para que feche os olhos e se lembre dos pensamentos que bloqueamos e depois revela que quando o amanhã vier, você terá desejado tê-los agora. O que está guardado no amanhã? As primeiras frases já guardam significados abrangentes. A letra pode ser direcionada a alguém específico, mas gosto de imaginar que é para todos que escutarem ela. O eu lírico revela que enquanto estamos sentados sozinhos e procurando uma razão para continuar, é claro como tudo que temos agora são nossos pensamentos de ontem. Aqui, vejo como o eu lírico está deprimido em relação ao amanhã por causa do medo. A imprevisibilidade do mundo faz com que ele não encontre sentido para continuar, logo, se conforta com as memórias que já passaram, memórias de algum tempo em que havia sentido para ele.