O passado está presente

No passado escondíamos debaixo da cama pra fugirmos dos castigos dos pais, mas pouco adiantava. Éramos puxados pelos pés, quando descobertos e o pau comia solto. Muitos dos pais pisava no pescoço e surrava a vontade, depois davam banho com salmoura e diziam:

Engole o choro, isto é pra você aprender!

Provavelmente era um resquício da ditadura ou da escravidão onde estes métodos eram praticados, bastante eficientes; a lei era do proprietário da fazenda, mandatário, dono do poder de vida e de morte dos seus subjugados, o reino da selvageria. Esta violência era recorrente e com certeza foi passada de pai para filho nos últimos anos, quiçá séculos. Ou ainda muitos daqueles pais sofreram na sua infância este tipo de criação, que obviamente não pode ser chamado de educação.

” Quando a educação não é libertadora o sonho do oprimido é ser opressor” -Paulo Freire.

Nos últimos tempos tenho acompanhado as intrigas e as falácias de um mandatário que se diz dono do poder. Faz questão de pautar sua gestão pelo fígado, pelo recorte ideológico tacanho, destilando ódio, antagonismo, zero de debate civilizado, política, negociação. Prefere manter o clima tensionado, desaforado, estupido, agressivo. A ponto de chamar de ignorante quem exige a compra de vacina contra Covid 19, quando já chegamos a 260.000 mortes, e para os familiares destes uma palavra confortante:

Até quando vai ficar chorando!

Será que dá para traçar uma linha divisória daquela era em que os pais surravam os filhos e este governo?

Se houver é uma linha é muito tênue, quase imperceptível. O populismo tem esse jeitão pessoal, emocional em que um mandatário fala a língua de determinado seguimento da sociedade, estabelece uma conexão quase que umbilical com seu público. Pode falar, agir, provocar sofrimento e ainda continuar sendo amado, idolatrado, mitolizado. Não se trata aqui de questionar se vivemos uma ditadura, se há um ditador ou candidato a tal, mas sim de um desqualificado, incompetente, ignorante, desumano, insano e pior de todos os seus defeitos cruel e sádico.

A pergunta que não quer calar, até quando vai este cinismo, sadismo, desgoverno ou seja lá o que for? Alguém deve estar ganhando muito dinheiro com isso, e, com certeza este realmente é o que governa, que sustenta e se beneficia. E digo com toda convicção, não é o povo, aliás o povo só está pagando a conta onerosa, e muitos está quitando com a vida.

Até quando vamos achar que estupidez, mal educação é maneira de se expressar com naturalidade? Até quando vamos tolerar estas nuvens de fumaça sendo atiçadas para acobertar a incompetência, a inépcia, inanição? Será que voltamos ao período da escravidão, onde o senhor do engenho ditava as regras, as normas, quando o açoite do chicote iria tinir no lombo e os grilhões apertar, se fechar no pescoço, tapar a boca, furar os olhos, arrancar a língua ou estamos vivendo o período em que os pais batiam e obrigavam a engolir o choro? Que saudade do meu Brasil, quando era Brasil!

Luiz Carlos Zanardo
Enviado por Luiz Carlos Zanardo em 05/03/2021
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