MÉTODO DE IBERNISE PARA FAZER POEMAS (Série Poemas Didáticos)*ParteII




POEMAS DERIVADOS (Exemplo Partindo de um texto Gerador)


Esta mostra é de minha “Série Poemas Didáticos”, cujo Capítulo I** se propõe a mostrar formas de ensinar a fazer poemas em parceria, derivados de outro poema, ou de um texto gerador, utilizando o “Método de Ibernise para Fazer Poemas”.


Nesta abordagem metodológica, o exemplo parte de um texto gerador, que é uma citação do romance “Grande Sertão: Veredas” de João Guimarães Rosa (1908-1967).
 
Aqui apresentando mais uma demonstração do método para poemas derivados que é muito útil quando se deseja compor uma Coroa de Sonetos, Rondel, parcerias, etc...

Observe o texto gerador do poema:

Texto Gerador: "'Quanto mais ando, querendo pessoas, parece que entro mais no sozinho do vago... ' - foi o que pensei na ocasião. De pensar assim me desalento. Eu tinha culpa de tudo, na minha vida, e não sabia como não ter. Apertou em mim aquela tristeza, da pior de todas, que é a sem razão de motivo: que, quando notei que estava com dor de cabeça, e achei que por certo a tristeza vinha era daquilo, isso até me serviu de bom consolo.” (Citação de abertura da Comunidade “Grande Sertão: Veredas” do Orkut).

Observe que no texto gerador do poema foi salientada uma frase e palavras-chaves. O poema derivado não é símile do texto original, é um fundamento temático como se alguém propusesse um mote, uma temática mais ampla, ou algo parecido.

A frase selecionada pode abrir a primeira estrofe do poema, mas poderia estar no seu interior, ou até nem aparecer. Podendo também aparecer com uma conotação diversificada do texto gerador. Ou seja um jogo de palavras iguais mas com ambientação diferente. “Quanto mais ando querendo” Desenvolva o assunto...
 
Na seqüência poderá surgir, por exemplo: “E querendo mais as pessoas”. Observe que o uso correto do verbo ajuda na construção dos versos na continuidade do assunto... Outro elemento importante de consulta é o conteúdo do texto... E neste caso pode indicar o terceiro e quarto versos, completando a primeira estrofe do poema...

“Parece que o vago crescendo
Em mim, o sozinho, mais soa...”


Primeira estrofe na íntegra:

Quanto mais ando querendo...
E querendo mais as pessoas,
Parece que o vago crescendo
Em mim, o sozinho, mais soa...


Continuando a mesma seqüência de passos pode-se se chegar a algo como:


AMAR O OUTRO, INSISTO... *

Quanto mais ando querendo
E querendo mais as pessoas,
Parece que o vago crescendo
Em mim, o sozinho, mais soa...

Aparece a falta mais humana
Em desalento e... Me culpa...
Por tudo, e a mente profana,
Me aperta contra parede nua...

Entre a cruz e a espada, fico,
E me oprime tristeza mestra,
E me sinto pela razão e risco...
Insisto. Querer é minha festa...

Poema Inédito.
*Núcleo Temático Filosófico.
Ibernise M. Morais Silva. Indiara (GO), 05.09.2007
Direitos autorais reservados/Lei n. 9.610 de 19.02.1998.

No poema destaca-se em especial a palavra festa que está significando prazer assim como consolo no texto original.

O poema inspirado pela citação do romance, foi construído sobre uma idéia de dúvida... A questão básica é: Vale a pena amar ou não colocando a culpa como um componente importante.
 
Porque o outro quer ser amado como ele imagina que é ser amado e como isto é muito difícil ocorrer, durante todo o percurso de um forte relacionamento, as pessoas que amam e são amadas culpam uma a outra por não receberem o amor idealizado. 

É sobre este conflito filosófico e psicológico que o poema divaga... E no texto gerador, a personagem fica aliviada quando descobre que sua dor de cabeça é “por querer as pessoas”.

Texto Inédito.
*Núcleo Temático Educativo.
Ibernise M. Morais Silva. Indiara (GO), 05.09.2007
Direitos autorais reservados/Lei n. 9.610 de 19.02.1998.