Diálogos Pertinentes
Diálogos Pertinentes
Quero morrer. Disse o homem.
Quero viver. Disse o outro.
Nem é preciso querer. Disse o sábio.
(As duas coisas já estão acontecendo para ambos.)
Disse eu.
Vai chover muito. Disse o homem;
Vai sim. Está muito quente. Disse o outro.
Você deveria jogar na loto. Disse o sábio.
(Como chegastes a essa conclusão?)
Perguntei eu ao outro homem.
Amar é não pedir nada em troca. Disse o homem.
E odiar, o que é? Perguntou o outro.
É o avesso. O reverso de amar. Disse o sábio.
(Não pedir nada em troca não é amar. É amor)
Disse eu ao homem.
(Odiar é um verbo sem sentido)
Disse eu ao outro.
O que é o amor? Perguntou o homem.
O que é amar? Perguntou o outro.
Amor é magia. E amar é o encanto, o efeito da magia.
Disse o sábio.
(É uma ferramenta. Uma faca se quiser. Pode esculpir um lindo coração; ou pode fatia-lo em mil pedaços).
Disse eu.
Sorrir é muito bom. Disse o homem.
Chorar também não é ruim. Disse o outro.
As duas coisas são boas, e precisas. Disse o sábio.
(Só o momento e o lugar, sabe e decide isso.)
Disse eu.
Nascer é um milagre. E viver é uma dádiva. Disse o homem.
Morrer é um castigo então. Disse o outro.
Nascer é o início. Morrer é o fim; daquilo que se chama viver.
Disse o sábio.
(E nascer morto o que é?)
Perguntei eu.
O que será o certo? Perguntou o homem.
E o errado então; o que será? Perguntou o outro.
São apenas pontos de vista. Disse o sábio.
(A vista ou o olhar sobre um único ponto... Não sei; fica tanta coisa sem ser vista). Disse eu.
Só acredito no que vejo. Disse o homem.
Eu também sou assim. Disse o outro.
Acreditar é apenas uma escolha. Disse o sábio.
(Se escolheram a visão para validar o que acreditam; escolheram o sentido que mais nos engana). Disse eu.
No Brasil só tem ladrão. Disse o homem.
Concordo com o amigo. Disse o outro.
Sem provas, qualquer acusação é inválida perante a lei.
Disse o sábio.
(Vocês são brasileiros?) Perguntei eu.
Deus existe? Perguntou o homem.
Deve existir. Respondeu o outro.
Nós existimos. Exclamou o sábio.
(Para contestar outras existências – Egoísmo. Egocentrismo). Disse eu.
Aquele homem é culpado. Disse o homem.
Não. Não! Ele é inocente. Disse o outro.
A lei dirá. Disse o sábio.
(Você não o conhece – Disse eu ao homem. Ele é filho do outro).
Disse eu.
Viver é um saco. Disse o homem.
A vida é um saco. Reforçou o outro.
Melhor do que morrer. Disse o sábio.
(viver ou morrer, será então um saco cheio de coisas vivas ou mortas).
Disse eu.
Chega! Disse o homem.
Chegou. Disse o outro.
Ainda bem. Disse o sábio.
(Quem?). Perguntei eu.
(Farias Israel-fev/2014-SP)