Andei lendo sobre a Fé Bahá'í

Andei, pela primeira vez, lendo sobre a Fé Bahá’í. Acho que também esta é uma crença que encontra grande apelo na atualidade, haja vista que prima pela união de todas as religiões. Defende-se, afinal, que todas as grandes religiões (nada sei sobre as pequenas) têm uma mesma origem, e que Deus, repetidas vezes, envia os seus mensageiros para dar a entender o seu propósito para a humanidade. O último parece ter sido o iraniano Bahá’u’lláh, descrito no site da religião como “o Mensageiro de Deus para esta era e o Prometido de todas as religiões”.

De fato, o próprio Bahá’u’lláh declarou ser isso mesmo, ou seja, o retorno da Imaculada Manifestação de Krishna, a volta do espírito de Cristo, o Quinto Buda, o Buda da fraternidade universal, o Senhor das Hostes prometido aos judeus, o Shah Bahram, o grande pacificador prometido aos zoroastrianos, e o “Grande Anúncio” aguardado pelos muçulmanos.

Essa declaração foi feita em 1863, seis anos depois da publicação da primeira edição de “O livro dos espíritos”, então pode ser que a doutrina espírita ainda não tivesse tido tempo para chegar ao Irã e arrumar um espacinho na promessa de Bahá’u’lláh.

O que me pareceu, a mim que não sou Bahá’í e que estive disposto a aprender sobre eles, é que, mesmo com essa notável e admirável aceitação de outras crenças, os Bahá’í também centralizam a sua doutrina em alguém que é visto como superior aos demais. Vi recentemente o vídeo de uma palestra de Renee Pesarow, que é Bahá’í, contando que, em uma de suas EQMs, chegou a ver um grupo de “justos” no mundo espiritual e que, para ela, os justos eram os Bahá’í.

Então, por mais que as mensagens de Jesus, de Moisés ou de Maomé (você não, Kardec) sejam consideradas e respeitadas, a de Bahá’u’lláh é colocada em um patamar mais elevado, a ponto de merecer, dos seus seguidores, o uso de letras maiúsculas quando se referem a Ele.

Um judeu que se torne Bahá’í poderá continuar lendo a sua Torá, mas não me parece que ela será levada para um grupo de estudos dos membros da fé Bahá’í. O que ele terá lá são, sobretudo, ensinamentos de Bahá’u’lláh, O Báb e ‘Abdu’l-Bahá.

Não se trata, pois, de uma religião em que todos praticarão as crenças que bem entenderem. Trata-se de uma união que é feita a partir de um líder que se colocou na posição de porta-voz de quase todas as outras religiões, não restando a elas muito mais a fazer do que se submeter.

Se isso for verdade e ele for quem ele disse ser, nada mais natural. O problema é que, para acreditar que ele era quem disse que era e passar a dar a ele a autoridade que se dá aos fundadores de outras religiões é preciso ter fé.

Destaco a grande atuação dos membros dessa religião na defesa da igualdade de gênero e no combate a quase todos os preconceitos. Nisso eles se mostram à frente de outras religiões tradicionais. Coloquei o “quase” ali porque, pelo que vi, na fé Bahá’í também não se admite a homossexualidade.

Também é interessante que eles se esforcem por uma religião que fuja de ritualismos, mas, ao mesmo tempo, impinjam severas leis para a oração. A partir dos 15 anos, data que é vista como a da maturidade espiritual (eu estou com 30 e ainda não cheguei lá), o membro deve realizar obrigatoriamente três orações diárias. Três orações não é muito, mas também tem isso: ele deve também recitar 95 vezes o verso “Allá’u’Abhá”, que significa “Deus é o mais glorioso”.

É aí que o bicho pega e acho que, no Ocidente materialista, consumista e apressado de hoje, serão poucos os que irão se dispor a tamanha disciplina.

Voltando ao vídeo da Renee Pesarow, agora sabemos que também a visão da fé Bahá’í pode ser usada para interpretar uma EQM – não é, pois, apenas a espírita.

Frederico Milkau
Enviado por Frederico Milkau em 06/07/2017
Reeditado em 06/07/2017
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