O MOVIMENTO HIPPIE, AS SUAS INFLUÊNCIAS E O SEU LEGADO

O movimento hippie surgiu numa época repleta de crises e de ameaças atômicas; numa época em que o homem, movido por interesses econômicos, realmente mostrou que podia, com o manuseio da tecnologia bélica, aniquilar e destruir toda e qualquer forma de vida no planeta.

Influenciado pela geração beach, uma geração de poetas e escritores que defendiam um estilo de expressão mais livre; pela filosofia marxista e existencial; e pelo rock com traços de psicodelia, folk e blues, os hippies mostravam abertamente (com atitudes de protesto contra a guerra fria que se anunciava) seus desencantos, expressos através de um visual bem diferente do padrão exigido pela sociedade norte-americana.

Em vez de cabelos bem curtos e roupas formais, muitos aderiam a cabelos compridos e a roupas nada convencionais; como também faziam questão de ostentarem muita cor e versatilidade através das influências provenientes da cultura oriental, seja nas musicas, seja nas maneiras mais exóticas de se vestirem.

 

Esse contexto de grande manifestações estudantis foi um momento histórico em que a juventude de vários países demonstrou seu descontentamento contra a atitude das nações beligerantes e também contra a mentalidade da velha tradição, responsável por impedir qualquer ato de subversão que pudesse ameaçar a sociedade. Foi também uma era marcada pela guerra do Vietnã, pela revolução cultural chinesa (onde estudantes, incentivados por Mao, ditador da China, tomaram o controle do país; a velha tradição foi destruída pela juventude que buscava uma nova ordem, no qual até mesmo os professores e mestres sofreram com essa revolução).

Enfim, os anos 60 também foi marcado pelo protesto de estudantes na França em maio de 1968 (nesse tempo diversas greves promovidas pelos estudantes parou a nação) e pela ideologia reacionária chamada Marcathismo, uma ideologia que condenou nos países da América do Sul toda e qualquer manifestação de estudantes que tivesse uma semelhança com as ideologias marxistas e comunistas.

Apesar da consciência da opressão e da ânsia libertária que impulsionou os jovens dessa época aos protestos, sejam eles pacíficos, sejam eles violentos, muitos deles paradoxalmente levantaram a bandeira da liberdade de expressão sob a influência de muita literatura ocultista, drogas, sexo e orgias; além, é claro, sob a influência da música (rock, jazz e blues), das artes, da liberdade de criação e da psicodelia. A intenção era acabar com a guerra, disseminando pelo mundo uma ideologia de paz, amor, liberdade e felicidade.

Nesse meio tempo, algumas personalidades emblemáticas (algumas extramente controversas e de ideais duvidosos) alimentavam o ideário da juventude de diversos países, pessoas como Che Guevara (um líder perverso que lutou em prol do regime comunista, além de ter sido um dos que mais contribuíram para a revolução comunista em Cuba); Gandhi (um líder pacifista e revolucionário que lutou pela libertação dos povos Hindus e muçulmanos do julgo inglês, povos esses que habitavam os territórios da Índia e do Paquistão); os filósofos Sartre e Marcuse, dois grandes pensadores lidos pela juventude de então (Marcuse, por exemplo, era o pensador que inspirou, e muito, as revoluções estudantis, através de seu conceito de ‘’grande recusa’’!); e, também, o pensador mais estudado de todos os tempos: o filósofo e economista Karl Marx, cujas ideias visavam promover a tirania do comunismo ateu.

No Brasil, a influência da geração hippie, que criou uma nova forma de ser no mundo, se fez sentir no movimento da Tropicália que, através de canções de protesto contra a ditadura feitas pelos cantores como Tom Zé, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque, e bandas como Os mutantes, levou adiante esse belo legado que, apesar de ter buscado a maior parte de suas influências de fora, nunca deixou de irradiar originalidade e genialidade. Em nosso país era proibido introduzir guitarra, mas com esse movimento pela primeira vez foi possível produzir músicas sob os acordes desse fascinante instrumento musical, apesar do protesto dos puristas da música brasileira, que defendiam uma música genuinamente brasileira.

Há inúmeros artistas que marcaram a história da música, como Jimi Hendrix com sua guitarra nos palcos e Janis Joplin com sua bela e potente voz. Além destes, despontaram no cenário da música Bob Dylan com suas belas e poéticas canções ( considerado até o hoje como ''o poeta do rock'') e os Beatles, com a criação da psicodelía e de músicas profundamente marcantes e apaixonantes; há ainda a onda do regaee surgida na Jamaica por Bob Marley e, por fim, as ótimas composições de Chico Buarque no Brasil. Tais artistas fomentaram as ideias de uma geração que não queria outra coisa na vida senão trabalhar seus corpos em prol de um mundo mais repleto de paz, amor, felicidade e liberdade.

 

O movimento Hippie, originário dos EUA e disseminado pelo mundo ocidental, foi apenas uma utopia e um sonho de uma geração perdida, ou uma semente timidamente germinada pelo mundo? Algo que nunca saiu dos cumes do ideal ou uma fraca luz que iluminou a escuridão que a humanidade do pós-guerra entrou? Mesmo assim, independente dos efeitos produzidos por essa geração no dias atuais, permanece sendo muito instigante voltar nas origens do rock e ver o quanto esse gênero musical é rico, fascinante e complexo.

O movimento hippie é, sem dúvidas, uma das estéticas e ideologias mais fecundas que se solidificou no cenário contemporâneo; os seus ideais se disseminaram em nossa cultura por intermédio do rock, um gênero musical libertário e subversivo que influenciou os jovens do pós-guerra (o rock in roll é, além do mais, um gênero musical que se tornou famoso com o carisma e a genialidade de grandes músicos, tais como Hendrix, Joplin, Morrison, Jonh Lennon, George Harrison, entre outros...), embora não ter sido nessa época um gênero uniforme e unitário. Pelo contrário, o gênero musical conhecido como rock influenciou várias gerações de músicos e amantes da boa música. O rock, para ser mais preciso, ganhou diversas influências ao longo do tempo; para se ter uma ideia, ainda na década de 60, esse gênero se muniu de traços psicodélicos e experimentais, além de se misturar a outros gêneros musicais como o blues, o jazz, o regaee e a música indiana, a fim de consolidar novos domínios sonoros e artísticos. No Brasil, através do intercâmbio de nossa cultura com a de fora, foi criado um gênero que viria ser conhecido como MPB.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 04/03/2017
Reeditado em 21/12/2017
Código do texto: T5930766
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