OÁSIS NO DESERTO

É pelo deserto, com todo o seu silêncio, que nos deparamos com um espaço extremamente amplo para nos mover, a fim de encontrarmos um oásis que nos dê abrigo. Mas enquanto não acontece de alcançarmos esse norte por onde possamos sentir a vida pulsando novamente em nosso coração, precisamos atravessar o caminho do vazio, um caminho que nos ajuda a percebermos o quanto tudo aquilo que aparentemente enfeita a nossa existência é desprovido de consistência, verdade e plenitude.

No deserto de nossas vidas vislumbramos tantas miragens, tantas quanto forem necessárias para adquirirmos mais saber do que todos aqueles conhecimentos que consumamos despertos, conhecimentos estes que se mantém distantes do mundo de nossas vivências corriqueiras! Aprendemos, pelo sofrimento que a vastidão do nada nos causa, a sermos mais exigentes com as relações que decidimos manter ao longo de nossas vidas e também mais perseverantes na busca das riquezas que ornamentam o nosso ser, mormente quando o compromisso com a própria vida, ou seja, sobre o que estamos fazendo dela, passa a ser a verdadeira preocupação da existência, a inquietação máxima a inundar o nosso ser...

É por essa via, um tanto desprovida de sentido, que temos a possibilidade de encontrar uma longa abertura à nossa dianteira; se insistirmos mais um pouco, podemos perceber que nem tudo é ilusão, ainda que ela apareça com mais frequência em nosso encalço! Se não houver, no decorrer da vida, o sofrer como processo inerente a todos os seres humanos, dificilmente é possível o crescimento espiritual; é por essa razão que o deserto é o primeiro passo para o amadurecimento e a florescimento de todo ser humano que deseja um dia levar adiante os seus projetos e sonhos.

O oásis entre os desertos da existência, mesmo que aparenta ser uma nova ilusão e mesmo que não haja qualquer chance aparente de haver possibilidade de superação, é um milagre que renova o nosso ser; o oásis, de fato, simboliza a existência de algo que nos traz refrigério e consolo em meio a um ambiente hostil no qual nada parece ser encontrado, a não ser uma amplidão vazia, infértil e incomensurável.

Mas é a partir dos momentos onde nos encontramos sozinhos e sem qualquer amparo dado pelas ideologias, ídolos culturais ou instituições, que o conforto abrasante de Deus emerge: primeiro contemplamos o nada; e logo em seguida a sua presença sinalizada num oásis. Perto deste, não muito distante, um pequeno regato de água cristalina desfila o seu curso, um regato milagroso capaz de saciar a nossa sede, somente acalmada pelo consolo que provém de Deus sobre nossas vidas. Na verdade, quem constantemente vive em busca de sua fonte inextinguível, mesmo que seja bombardeado pelas mentiras criadas, bem-aventurado se torna, principalmente aquele que bebeu de suas águas cheias de sabedoria, elevação e paz. Pois é dessa fonte, uma fonte de onde irradia amor em abundância, que promana saciedade para os que tem sede de justiça; e descanso e serenidade para os que vivem de uma inquietação permanente.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 28/01/2017
Reeditado em 11/08/2018
Código do texto: T5895991
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