A LETARGIA DAS MULTIDÕES MASSIFICADAS

Penso que as manifestações culturais que provém das multidões, nas suas versões mais alienantes (como por exemplo, as touradas, os rodeios, os famigerados espetáculos cheios de orgias e os eventos imbuídos de sensacionalismo barato), são fenômenos que revelam o lado do grotesco da humanidade; são apenas sombras pálidas de alegrias ilusórias e inebriantes, principalmente quando num evento as agências de controle das massas estão presentes e prontas para fomentarem o surgimento de comportamentos inconsequentes e completamente insanos.

Em nossa sociedade, a originalidade, a franqueza e a humanidade das pessoas estão empobrecidas, justamente porque estão acostumadas a viverem sem pensar na própria condição em que estão submersas, esquecendo, consequentemente, de pensarem na situação do seu próximo da maneira empática e compassiva.

Quando esquecemos dos nossos direitos e de nossas potencialidades para nos inserir num rebanho de pessoas desonestas, num rebanho de pessoas mortas espiritual e moralmente, somos vítimas das fatalidades que promana do sistema doentio dessa sociedade, uma sociedade que é tão desprovida da justiça e do amor para vida dos seres humanos!

Os espetáculos de massa, principalmente os que envolve competição e disputa, são meios eficientes para a promoção da apatia e da miséria espiritual dos indivíduos, pois tiram do coração destes a necessidade de contemplarem a verdade que liberta, a grande verdade revelada no coração de todos aqueles que amam a Deus.

A proliferação de ídolos culturais, o sincretismo religioso, os ardis buscados para a obtenção excessiva de poder e o amalgama dos sofismas que perambulam pela sociedade, faz com que o mundo espiritual não seja levado à sério, se torna apenas uma dimensão do ser inexplorada e negligentemente comunicada entre os homens. O que pensar enquanto observo multidões de pessoas correndo na mesma direção sob o incentivo das grandes organizações sociais? Infelizmente, contemplo com tristeza o miserável destino de almas submissas as grandes ilusões institucionalizadas de nossa era!

Enquanto os saberes se multiplicam e se ramificam, a idiotização vai crescendo na mesma proporção, e chega até o ponto em que uma multidão passa a idolatrar homens cheios de malícia, ou melhor dizendo, homens oportunistas que enganam uma sociedade inteira com falsas promessas e certezas.

Quem pode salvar essa geração senão a misericórdia de um Deus que viveu entre nós para salvar a humanidade da morte, de um DEUS que se fez homem para libertar a humanidade de sua própria derrocada? Se quisermos vencer e triunfar sobre as miragens de nossa época, necessário que cresçamos na sabedoria que provém de Deus; é nessa condição que abrimos caminho para o aprimoramento espiritual, onde a coragem contra o embrutecimento vem a ser o grande salto de um indivíduo temente a Deus. Por essa via é que seremos capazes de pairar acima da alienção social de todos os dias; e, sobretudo, de toda essa nuvem de corrupção que infestou a natureza humana desde os seus primórdios.