Coroada como rainha

Queria entende-la! Esforço-me para tentar. Tento ler sinais escondidos. É triste saber os motivos que a levaram se esconder... Sim, é muito triste! Se fosse somente um mundo escondido, seria bom. Pois os esconderijos são lugares onde somos reis e rainhas, são lugares de felicidades, são lugares de prazeres. São lugares em que se desligamos do real e abraçamos o ideal. Mas quando a vejo com aquele sorriso lindo e larga, penso na menina linda que abandonou o sorriso metálica, que cresceu e ganhou beleza e corpo, que se fez mulher antes de se fazer menina. E, que talvez, nunca tenha sido menina. Imaginar o mundo escondido dela não é fácil... Como pode haver tal mundo? Não, não há! Há um mundo de fuga.

Ah! Esses mundos de fugas são tão cruéis. E ela, ela é tão bonita. Aquela beleza é digna da realeza e aquele sorriso encantaria cortes se houvesse um mundo escondido. Mas num mundo de fuga não há nobreza, não se interessam por beleza e o medo misturado com a raiva impedem os sorrisos. Queria entender aquele mundo de fuga... Ela teve que se fazer mulher, talvez tenha sido o único jeito de se defender. Ela teve que se entender mulher, talvez tenha sido parte da obrigação de se fazer. Ela teve que se achar mulher, talvez pelos homens que seduziu, vitimalizada pelo se fazer e enganada pelo se entender.

Sim, ela é linda! Em seu lugar favorito no mundo ela está mais linda ainda. A areia branca se contrasta com a pele clara de um corpo esculpido. É pura arte! O mar tem um tom esverdeado ao fundo, reflexo do sol e dos verdes montes ao longe. Seriam sublimes senão fossem os cabelos sedosos sobre o ombro. Imagino uma leve brisa tocando aquela pele, mexendo aqueles cabelos, trazendo as partículas de areia e sal como intempérie da vida. Mesmo assim, aqueles cabelos ainda parecem sedas voando ao vento e aquela pele, aquela pele mantém o aspecto de maciez que só os mais nobres tecidos de veludo tem. Toda essa imagem, toda essa cena, toda a composição provocam sensações. Elas são fortes. Os dedos querem tocar, as mãos querem acariciar, os braços querem apertar! Mas como enxerga-la mulher senão foste menina? Prefiro vê-la como arte. Sim, já conversamos sobre arte! E mesmo que ela diga que não, há sensibilidade que só os grandes artistas são capazes de ver naquela beleza.

Aquela alma machucada, aquele espírito confuso e aqueles mundo de fugas me impedem de olha-la como quer que a veja, como se apresenta ao mundo, como se vende aos homens. Mulher? Sim, será um dia uma mulher magnífica. Em beleza e em grandeza. Espero em meu egoísmo débil ser homem o suficiente para vê-la chegar a este dia. Não imagino o que farei ao romper da aurora deste dia, mas com certeza sei o que sentirei, uma felicidade imensa por ela.

Linda! Sim, ela é linda, mas intocável pra mim!

Ley Gomes
Enviado por Ley Gomes em 28/12/2015
Reeditado em 29/12/2015
Código do texto: T5493548
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