chat e bombons.

há coisas que ocorrem nos levando a repensar sobre todo o seu processo e mais ainda, a nos repensarmos...

o que narrarei ocorreu a exatamente uma semana, e foi preciso esse período para ruminar minhas idéias.

no sábado estava programado de visitar uma amiga de praia grande. apesar do atraso, conversamos muito mesmo e tivemos uma tarde iluminada.

saí de sua casa e acabei comprando duas caixas de bombons no shopping daquela cidade (um para casa e outro para um jovem amigo chocólatra).

estes bombons compraria em algum momento qualquer e não foi o motivador de minha ida ao shopping e sim realizar uma recarga de celular.

esta sacola com os chocolates passeou comigo na noite do sábado, pois queria ainda continuar uma conversa agradável.

desci no meio do caminho, fui tentar encontrar um amigo, que preciso falar algo importante e pessoalmente (não consegui), jogando no seu quintal um bilhete e dois cartões de apresentação/visita (o outro para seu irmão, que o tenho como irmão também e que por muitos anos não nos vemos).

em seguida passei na “vila de são vicente", entrei na igreja matriz pela primeira vez, cruzei pela biquinha.

caminhei pela orla vicentina, fui ao emissário. olhei o movimento.

aproveitei e passei no apartamento de meu amigo (outro irmão), não estava.

vencido um pouco pelo cansaço físico, fui para casa com os bombons.

abri uma caixa (que atualmente vem com muito menos e comi alguns).

no domingo acordei disposto a ver alguém “novo”, diferente, com o impulso de agregar alguém.

recorri ao chat. tentei estabelecer diálogos, conexões e tudo o mais. também conversei com outros amigos do face, skype, etc.

consegui duas possibilidades: ir a cubatão ou ficar por aqui mesmo em santos.

em cubatão a pessoa já teria que ir ver uma pendenga doméstica e nos veríamos no anilinas. combinei se fosse, deixaria em sua caixa de correspondência um cartão de visita, o que apontaria a minha ida.

acabei desmotivado, pois o ônibus à cubatão é muito complicado e nos domingos fica pior.

além disso fiquei inseguro do horário de funcionamento do anilinas, apesar de haver um cinema lá.

conversando com o de santos, chegamos num acordo, nos encontraríamos em frente a uma igreja, numa via de grande movimento.

na hora aproximada tomei banhei e fui ao encontro. me deu um impulso de pegar alguns bombons e o fiz.

Indo de encontro cruzei um homem que parecia ter trabalhado o domingo inteiro puxando sua carroça, não aguentei e dei uns bombons. segui.

bem depois ao chegar no ponto combinado, sentei numa praça à frente da entrada principal da igreja, num grande cruzamento.

notei que havia ali uma pessoa pedindo dinheiro aos motoristas que paravam no semáforo. vi diversas reações destes (os motoristas). fiquei filosofando sobre isto.

por algum motivo aquela pessoa me chamou a atenção, que não soube identificar.

a missa acontecendo, pessoas circulando, veículos, etc.

liguei avisando que estava aguardando no local combinado. pediu desculpas dizendo que atrasaria um pouco.

aguardei.

vendo a reação das pessoas e o esforço do homem em conseguir algum “dinheiro” (não conseguiu nenhum enquanto acompanhei), ofereci bombons, num momento em que o semáforo estava aberto.

pegou todos os que existiam na mochila.

me perguntou que horas terminaria a missa (falei que não sabia).

perguntou se tinha algo para ajuda-lo, disse que não pois havia sofrido um assalto (a história do assalto ainda circula em minha mente) e estava à pé, aguardando um amigo.

ele começou a insistir. Insistindo também que possuía mais bombons e não queria dar.

involuntariamente levantou uns olhos, como a atender um chamado de alguém mais distante e fez algum sinal que acabei percebendo.

neste momento olhei ao redor, não vi ninguém que pudesse remeter a alguma coisa.

levantei, falei algo me “despedindo” e cruzei a rua, indo para a porta da igreja. nisso encontrei um colega chegando com sua família, o abracei, cumprimentei a todos e me dirigi com eles ao interior.

liguei novamente, a pessoa não atendia mais ao telefone, apesar de estar ligado.

senti-me confuso e amedrontado.

passei o tempo acompanhando o movimento o pedinte havia sumido.

na porta da igreja estava uma fiel recepcionando as pessoas.

com isto, fui a calçada, mas bem perto da porta, o pedinte veio do outro lado e perguntou a moça que horas terminaria a missa.

depois, veio ao meu lado falando baixo. disse que sabia por que estava ali. Disse que “conheciam-me” e portanto que não adiantaria sair de lá.

um pânico me abateu.

ocorreu mil alternativas, entrei dentro da igreja e andei loucamente, totalmente desnorteado.

algumas pessoas me olharam e acredito que perceberam em meu semblante, sem compreender direito o que ocorria.

na outra saída, verifiquei a movimentação externa e a possibilidade de saída com maior segurança.

voltei à entrada principal.

neste momento uma viatura oficial, com trabalhadores dentro aguardava a abertura do semáforo, pedi com olhar desesperado que me levassem dali, pois corria perigo (uma mulher recolheu sua bolsa). Escutei um não.

voltei para dentro da igreja, fui à outra porta, havia grande movimentação de pessoas na rua. logo á frente, mais ou menos cem metros estava o ponto de ônibus com um enfileiramento de mesmos.

tomei coragem, pedindo para que estes não saíssem, e fui.

consegui embarcar e num local bem mais distante, desci no ponto de ônibus e fiz a baldeação para a linha que de fato me servia.

bem mais tarde, meu telefone tocou. era a pessoa que havia combinado o encontro comigo, pedindo desculpas pelo atraso, pois havia ocorrido um imprevisto.

não sabia o que achar, mesmo assim ainda falei alguma coisa qualquer.

passei a segunda passada chocado.

no meu serviço, uma amiga logo que me viu, percebeu meu estado e sentiu que algo não estava bem e de cara comentou: “hoje não é você” (frase que ela sempre usa quando não estou bem).

depois, na escola, uma amiga percebeu que estava perturbado e perguntou o que estava ocorrendo. falei que estava preocupado com algumas coisas.

não aguentei. falei parcialmente o que havia ocorrido outras com duas amigas sobre a história do domingo.

liguei para três amigos para saber se nos meus arredores, havia acontecido algo errado ou estranho.

na terça encontrei outro amigo, que não esperava naquele dia, mas agradeci imensamente à DEUS, pois por ser mais rodado teria a luz que me seria essencial.

contei toda a história de domingo. Sabia que cada detalhe seria significativo para ele.

no final da narrativa, ele me chamou a atenção para um detalhe. no ponto onde fica a entrada da igreja com o semáforo, nunca há em qualquer horário e/ou qualquer dia da semana, gente pedindo dinheiro aos motoristas. ele passa lá sempre e nunca viu.

com estas palavras sábias dele consegui entender meu estranhamento, pois achei curioso haver este rapaz pedindo dinheiro naquele ponto, pois até então nunca havia visto também algo assim, pois na verdade lá não há.

acho que no momento pode ter até ocorrido esta inquietação, mas não dei importância.

agora penso no que me impulsionou a comprar os bombons. reflito sobre isto, pois foi através destes simples bombons, que consegui sair daquele local antes do término da missa.

o término da missa que tanto o pedinte aguardava foi algo que meu amigo também destacou como algo a ser pensado: “o que viria depois?”.

paulo jo santo

coisas da zillah

Paulo Jo Santo
Enviado por Paulo Jo Santo em 24/05/2015
Reeditado em 24/05/2015
Código do texto: T5252910
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