estimulados o tempo todo.

por várias vezes eu poderia estar morto pela mãos de outros.

o quanto mais será necessário ter que driblar o desejo de sangue alheio?

ainda que este desejo nem seja consciente ou represente um reflexo de algo muito maior.

o quanto será exigido de tantas pessoas que driblem a cada segundo a decomposição da estrutura social?

eu não sei.

não sei se além de tantas coisas que tenho que driblar pelo jeito que vim ao mundo e por todas as características que me são peculiares, ainda tenho forças para medir meus passos a todo o segundo e ter que viver atento a tudo.

não, definitivamente isso não é meu ideal de vida.

não é possível que não podemos levar a vida como um domingo primaveril, com direito a piquenique.

eu acredito piamente que a vida pertence aos seres humanos e estes que dão o tom a ela.

se assim estiver certo, apesar de não termos o controle sobre o coletivo e os seus ideais, assim como os interesses particulares de cada um que o compõe, e é excelente que seja assim, nunca me acostumarei por juntos estabelecermos as piores formas mais de relações. as mais perversas, as mais consumistas, as mais competitivas, as mais destrutivas, as mais gananciosas, as mais infelizes para todos.

tenho que ser mais atento, tenho que ser mais controlado, tenho que ser mais racional, tenho que ser mais fervoroso, tenho que desconfiar mais das coisas...

essas são as regras que escuto a cada momento.

eu sinceramente creio que há algo errado.

e está relacionado com o que atribuímos de valores e importâncias na ordem da coisa. na ordem do social, da moral e da ética.

o que queremos de fato, é uma vida infernal onde travamos guerras constantes com o outro por não conseguirmos tentar dar as mãos, partilharmos nossas experiências e com elas tentarmos construir um futuro conjunto e melhor?

ou será que a idéia mais fresca, mais leve à alma é tão incomoda

aos nossos espíritos que necessitam dessa atribulação toda para se sentirem viventes e estimulados o tempo todo?

paulo jo santo

zillah

Paulo Jo Santo
Enviado por Paulo Jo Santo em 02/05/2015
Reeditado em 02/05/2015
Código do texto: T5227984
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