A ECLÉSIA COMO GUARDIÃ DO BEM CONTRA O MAL
          Quando éramos jovens, ingênuos, acreditávamos em que o mundo pudesse ser diferente ou até que pudéssemos modificá-lo.
          Aí chegou a idade da razão sopesada de suas verdades ou realidades, que jamais houvemos cogitado entrevê-las na projeção da tela do futuro.
          Então formatou-se a dura realidade das nuances do mimetismo humano em todas as suas mazelas. Desde os casos "por haver-se contar", até à constatação de todas as misérias que revestem a desgraça da natureza humana.
          Triste saldo de uma crença embalada lá na juventude, nesta outra face da humanidade, chocando-se contra o que imaginávamos  ser as rochas da moral, ora fragmentadas qual falésias de arenito, outrora união de idéias e forças  graniticas.
          Hoje, naquilo que seria o futuro se faz esse sufocante presente, onde é descartada a coletividade em favor de um desfraldado individualismo.
          Temos que achar meios de derrotar esse avanço desenfreado dos titulares do Mal. Penso que a central de energia para abastecer essa luta está na Igreja, a quem cabe remir seu povo e consagrá-los multiplicadores conscientes que devem estar do lado do Bem, numa verdadeira Eucatástrofe¹. É tarefa urgente da Eclésia². Não é por acaso a Igreja ser a legatária do Bem e mantenedora do que resta de honra e dignidade moral nos seres humanos. Não é o supra-sumo da Verdade Eterna? Que exerça sua função! 
          A eclésia  e sua doutrina e dogmática não é coisa que deveria ser legislada por homens já que está prescrita nas Sagradas Escrituras. É só segui-las, não tem nada a ver com Estado. Clerical ou nacional. Jesus nunca foi chefe de Estado. Uma vez acontecendo a regência por um chefe de Estado, passa a ser um texto fora do contexto, para se tornar uma doutrina de homens. Aí está o grande perigo, não ser cooptadora do fluxo divino. Não ser um meio para que Deus fale a seus filhos, e Deus não falará pela boca de fariseus e falsos profetas. "Podem tirar o cavalo da chuva" que Deus não falará por intermédio de hipócritas, aos quais está apenas deixando viver, para que produzam mais "provas" para que eles vão para o inferno: com suas próprias pernas, meios e atos pecaminosos.
          O que é "pecado"? Em grego é metanoia, ou metánoia, quer dizer: errar o alvo, não atingir o ponto correto. Em síntese, não fazer a coisa certa aos olhos do Criador. E falando em "provas", haverá um Julgamento (Juízo Final) e quem será seu advogado no processo da vida? Eu escolho o Cristo de Deus. Até por uma questão de "capacidade profissional", de competência no exercício da profissão. Esse é meu Advogado escolhido. E com as vantagens de ser o melhor que possa existir em todo o cosmos e, totalmente gratuíto.
       A Teologia até como currículo pode ser uma ciência. Mas não me interesso pela qualificação da matéria e sim se de tudo possa extrair o filtro da Fé. " A ciência é feita de fatos, como uma casa é feita de pedras, mas uma acumulação de fatos não constitui uma ciência, como uma de pedras não faz uma casa" (H.Poincare, in La Science et L'hipotèse).
          Dessa forma  - dita por Poincare -  é que vejo tanto a "teologia" barata de muitos "profetas" que pululam na Igreja da face da Terra. E notem bem o que quero dizer: se por ingenuidade é porque seus pares pecam em não lhes alertar. Se, conscientes ( o mais constante e comum) pecam por ludibriar o povo. Propaganda enganosa. A víbora que seduziu Eva continua solta, pondo a perder os Adãos e as Evas todos os dias. E dentro da Eclésia há "Caim matando Abel" aos montes, desde que o homem sentiu o gosto da soberba, inveja e a luxuria, lá nos primórdios da História Geral e da Igreja.
          Acha a Igreja que está cumprindo seu papel, "seu dever de casa"? Não está!
           Centenas de milhares de templos espalhados por todos os cantos e somente para acomodar ostentação. Não estão à busca de almas para redimir e sim de pessoas para aumentar a sua renda. Cooptados ao passar na calçada do templo ou reunidos em torno de uma entidade divinizada.
Não faço acepção de nenhuma igreja, digo de todas, qualquer denominação, doutrina, dogma, feitio e pretensa laicidade. Por isso deste o começo escrevi Igreja com I mísculo. É como o caso do homem ou da mulher cuja integridade depende somente deles. Seus atos, roupagem, procedimento, honra, dignidade e crediblidade, estão diretamente ligada à imagem que passam. 
           Como sou apenas Cristão, por crer em Jesus Cristo, sem nenhum rótulo, posso falar que os Ministros e Sacerdotes, não estão exercendo o  ministério ou o sacerdócio.
          Não acho correto aquele que se diz sacerdote,  fazer  show ostensivamente político, com centenas de mulheres gritando "lindo" e abertamente se posicionando politicamente, propagando que aquele lugar Deus abençoou, construindo tantas casas, com a presença da cúpula do "status quo". Não acho que tenha autoridade teológica sobre mim. Não é por acaso, isso, uma doutrina da prosperidade material?
           O papa Francisco em suas rápidas entrevistas deixou a entender que condena a ostentação, o luxo, a arrogância e sobretudo a falta de fraternidade. São arrrogantes, mentirosos e hipócritas sim, quem produziu o show, quem o estrelou e a política hipócrita e infame, que de todos é sabido, não ter crença alguma.
            Jesus exercia seu ministério pessoalmente e sabendo que morreria por isso. Falou, vestiu-se, viveu de esmolas (só porque teria que dar a Cesar o que era de Cesar) e se alimentou abaixo da frugalidade da forma mais humilde que  a mente possa imaginar. Não possuiu um único templo ou púlpito seu ou uma denominação a se referir. Seu templo era seu corpo, sua luz, doutrina e inspiração: o Pai Celestial. E aqui neste mundo Jesus nos disse: "Eu sou a Verdade e a Vida, ninguém vai ao Pai senão por Mim."
           
Para mim estão perfeitamente claras as palavras  do Mestre, não me restará até o limear da vida senão perguntar sempre:
           - Durante o processo da vida, quem foi seu Advogado?
           

1. Eucatastrofe: Termo cunhado por J.R.R. Tolkien, que quer dizer, a vitória final do Bem sobre o grande  Mal.  (Do gr. eu, bem; catástrofe, grande mal)  A harmonia que sobrevirá dessa vitória.
- Lembrando que J.R.R. Tolkien, era linguista, além de grande literato: (Senhor dos Aneis e muitas outras obras de folego)


2.Eclésia (Do gr. Ekklésia, casa do povo, por extensão cadas de todos, daí eclesial, etc.)

 
Mauro Martins Santos
Enviado por Mauro Martins Santos em 16/08/2013
Reeditado em 16/08/2013
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