Tarefinha difícil

“Tenho em mim uma força maior que eu, maior que o mundo;”

Não que eu não tenha e não saiba o que falar sobre mim. Mas acho que tanto para mim quanto para qualquer um, é um tanto meio complicado falar de si.

Primeiro porque não sabemos o que dizer de momento; pensamos: “Ah! Eu sou...” Então dizemos nosso primeiro nome. Depois corremos para nossas características, as mais marcantes, ou ainda aquelas as quais somente nós vemos, ou a que mais gostamos em nós. Fui premiada com uma atividade de Psicologia Social na faculdade. Tínhamos que escrever junto a um bonequinho feito de palitinhos (certamente nós mesmos), algumas características, ou melhor, alguns pontos de personalidade. Confesso, eu quase não escrevi ali. Liguei para minha Mãe. Ela me ajudara a responder tal questionário perturbador.

(...) Falam que sou risonha, é que o sorriso encurta o caminho para chegar até alguém; dizem ainda, que sou calma, isso eu me acho – demasiadamente; contam que falo baixo demais... Concordo, mas isso é apenas um detalhe - aprendi que quando falamos assim, é porque queremos as pessoas mais próximas a nós; caso contrário, gritamos. Até me falaram que sou perfeita, disso eu estou longe, é porque não viram meu guarda-roupa (risos’), contudo almejo chegar a tanto. O que mais escuto é que sou certinha, ou quero ser... Quando falam assim, mas com tom sarcástico, ignoro. Aprendi a ignorar certas coisas, e gostei dos resultados.

Amo ler e ouvir música ao mesmo tempo; escrever ouvindo música. Comer baton; tocar violão. Caminhar a tardezinha ouvindo música, detalhe: com um fone só... O outro deixo livre, pois acredito que há outros sons externos que merecem um pouco da minha atenção – isso inclui primordialmente o balançar das folhas ao serem tocadas pelo vento, o cantar dos pássaros... a formiguinha a passar a minha frente implorando a não ser pisoteada. Sensibilidade, esta foi a primeira característica marcante apontada por minha Mãe, e ainda falou das borboletas mortas que apanho no caminho. Ah, outra coisa amo meus gatinhos.

Sonhadora. Isso também o sou. Às vezes me pego triste. Choro de saudades. Estressada, eu não sou, não sei o que é isso, sou tolerante isso é o bastante a fim de evitar tal fato. Compreensiva até por demais, mas digo para mim mesma, nunca é demais ser compreensiva.

Acredito no amor. Seja ele em todas as formas de amar. No cuidar, confiar, doar-se, compreender, suportar, acreditar! Tenho comigo amigos fantásticos, poucos, alguns distantes por causalidades necessárias, é o bastante; porque são poucos os que amam verdadeiramente, e vale a pena conserva-los e chama-los de anjos.

Sou apaixonada pela vida. Acredito em dias melhores. Na mudança das pessoas. Tenho medos, uns até inacreditáveis – mas confesso, sou fraca em muitas coisas, no entanto, um de meus propósitos é superar estas coisas, e outras. Tenho em mim uma força maior que eu, maior que o mundo; acredito em um Deus vivo em mim. Que a cada dia me dá razões para acreditar, para amar incondicionalmente, persistir, conquistar, suportar...

Sabe, tem pessoas que acreditam em mim, e isso é o que basta. Eu não quero me perder em sonhos irrealizáveis, digo, nenhum dos meus são irrealizáveis. Junto a mim há uma certeza: eu posso na medida em que creio que há alguém maior que tudo, Deus, e Este me fortalece cada vez mais.

Seria isso o que somos? Falar de nós mesmo, eis a tarefa difícil, como disse para minha amiga quando olhávamos o questionário: “isso é mais difícil do que álgebra...” e como assinala José Saramago: “Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos”.

Elisângela Feitosa
Enviado por Elisângela Feitosa em 29/01/2013
Código do texto: T4111709
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