REPRESENTAÇÃO

A arte é a representação de alguma coisa, antes de tudo, é uma cópia de alguma manifestação no mundo como fenômenos naturais e artificiais ou do imaginário humano e por ser uma representação, ou seja, uma nova apresentação ou a apresentação do objeto em um contexto diferente, desta maneira, aquilo que é apresentado por um novo artista sempre será feita à maneira deste artista e todo o tratamento do objeto será dado com as suas cores, com as suas formas, seus traços e sua composição; isso quer dizer que as imagens que são imagens naturalistas ou não, podem ser exageradas ou não e ter formas cúbicas; a representação pode ter características próprias levando em consideração valores e conceitos regidos pela religião, pela cultura de um grupo, pela política, pelos ideais de um artista, a arte pode tomar formas muito diferentes e a sua distorção por semelhança pode chegar próxima de outro objeto a ponto de mimetizar-se com este e a tal ponto que estafigura pode-se revestir da forma de outro objeto conhecido, fazendo que ele cumpra a função simbolicamente daquele objeto representado, no entanto, não deixa de fazer oscilar pelos sentidos dos dois objetos, pendendo para os dois lados criando também uma condição de ambiguidade, por exemplo:ao pintar uma torre de alta tensão no lugar de uma casa, tendo claro na pintura este sentido de substituição, quero dizer que a torre é a casa em condição de conflito, ou seja, está um caos, isto pode ser dito através da linguagem da pintura, conhecida também como não verbal, porém, na poesia ou linguagem verbal se digo que no caminho tinha uma pedra ou fulano é uma pedra no meu sapato, a pedra está representativamente no lugar de obstáculo.

As várias imagens de cachimbo que são uma representação podem cumprir a função de ser cachimbo, se existe algum que serviu de modelo, talvez não se saiba qual, o importante é que o artista pode recorrer à sua maneira a uma representação de cachimbo sem que este perca o valor do seu desempenho.

Quantos exemplos de objetos nos serviram? Quantos deles serão estes que segundo Platão surgiu como cópia imperfeita das formas ideais? No entanto, como cópias imperfeitas cabem perfeitamente a nós humanos que também somos falíveis, é o reflexo de nossas tentativas de adequação a um mundo em eterna transição de valores e desejos e por isso torna-se necessário a capacidade do objeto de ser plástico, de ser moldável, de reconfigurar-se sempre que for requerido para isto.

A capacidade de ser modelável é a metáfora do homem que também se transforma e que muda seu aspecto com a intenção de tornar-se ideal tanto na sua forma de pensar intelectualizado quanto no aspecto atlético de um esportista e nunca atingindo a sua meta, a idéia ideal de um objeto é a meta inatingível da vida da mesma maneira que buscamos ser melhores como pessoas.

Não estamos presos a nada, apenas as nossas vidas e nossas realidades imediatas, e se nossas realidades imediatas estão vinculadas à arte, estamos permitindo também que a arte nos cure dos anseios e aflições dessas realidades imediatas, a arte nos cura se admitirmos.

A psiquiatria encontrou na arte, assim que ela permitiu tornar-se livre quando deixou de ser um apêndice ou apoio em outros empregos, uma ótima ferramenta na redução de conflitos psíquicos provocando enorme evasão de hospitais psiquiátricos; graças à capacidade da representação ser uma representação própria, o paciente pode transmitir, mesmo sem nenhuma experiência anterior, os seus sentimentos para o suporte da arte, pode também substituir o objeto do seu imaginário por outro objeto, fazendo-o sem culpa, tal como o homem artista.

O homem artista, que manifesta seus anseios é diferente do homem artesão, o homem artesão manipula a forma e sempre repete o mesmo modelo aprendido sem questionar, não há nenhum discurso promovido, a sua produção cumpre o papel secundário de ser decorativo, o homem artista manipula o conteúdo fazendo-o refletir sobre a forma de tal modo que esta se reconfigura num objeto de arte e mesmo estando situado num determinado contexto social e histórico nunca deixa de transcender esta condição promovendo o diálogo com todas as gerações seguintes e apesar do artesão possivelmente dar ao objeto uma representação própria, ele não torna essa condição um elemento dinâmico como faz o artista.