RECICLAR NÃO É REUTILIZAR

Em algum momento de nossas vidas, seja em algumas oficinas de arte que participamos ou em ações coletivas e quando estamos nas escolas sempre nos vêm o conceito e a possibilidade de usar materiais descartados por não terem mais nenhuma utilidade preenchendo a natureza como poluentes ou ocupando inevitavelmente espaços úteis e necessários, é muito comum o plástico ser o principal instrumento dessas atividades tornando-se sob certo aspecto um herói valoroso que resignifica os locais de sua rejeição e a si mesmo como elemento que reencontra seu lugar de pertencimento na arquitetura urbana e rural da sociedade.

O plástico, um material de difícil descarte natural; muitas vezes é apropriado para se tornar um brinquedo ou vasos de plantas e também objetos decorativos, acessórios de vestimenta, acessórios de uso doméstico e até de maneira sofisticada e com alta tecnologia se torna também um tecido, enfim, o plástico deixa de ser vilão da natureza e se reconfigura num promissor companheiro da ordem social e ecológica, mas o que fazer quando até o objeto transformado se volve em fato inútil novamente?

O alumínio, o cobre, praticamente ficaram invisíveis nas lixeiras e locais de descarte, materiais de alto valor de uso em qualquer sociedade simplesmente criaram profissionais (assim se pode chamar os catadores de lixo, por se organizarem, por ter sindicatos e, sobretudo por deixarem de ser invisíveis socialmente) impensadas na contemporaneidade, no entanto esses materiais junto a outros de não tão real qualidade determinaram uma mudança na natureza e na economia, sua condição é por excelência a de material reciclável ou reciclador por conduzir uma mudança extremamente positiva, integradora e socializadora; esses meios trouxeram à luz, a existência do círculo de prestezas políticas e do recondicionamento de uma nova tradição, a cultura eco- política; o pensamento de toda uma civilização acorda para uma condição incômoda, mas comemora a sua capacidade de se adaptar também à nova realidade e ser no mundo está diretamente conectado à capacidade humana de ser sagaz diante das dificuldades, aproveitando as oportunidades para sua inserção no mundo como cidadão, porém como está dito no início do texto, e para ficar bem claro e frisado, o conceito reciclar não é a mesma atitude que reutilizar, ou seja, reutilizamos alguns produtos, principalmente os de invólucro de material plástico, e depois jogamos fora e certamente ele irá retornar à natureza natural, tais como garrafas pet que usamos como objetos de decoração ou suporte para outras coisas citadas acima, e que diferentemente de reciclar, como determinados objetos produzidos com o alumínio e o cobre, que tornaram as lixeiras em potenciais minas de exploração e qualquer pessoa que queira complementar a sua renda em um animado e vigoroso mineiro.

Devemos ter o cuidado de pensar também se a palavra reciclar possa ser muito correto, pois, a idéia ou conceito de ciclo evoca a intenção do componente que retorna à sua natureza de origem e, no entanto, isso não é verdade, só se pode chamar de reciclagem urbana, porque não se pode equivocar e devemos entender que natureza é todo o ambiente em que vivemos independentes de sua configuração física, mas a natureza de que se fala comumente citando-a em narrativas romanceadas ou não é a natureza natural; a natureza das árvores e das flores, dos rios e lagos, dos peixes e pássaros e não a natureza urbana, a idéia de ciclo fisga o ambiente terreno de onde brota a matéria e por isso se faz necessário ter um cuidado especial na apropriação deste conceito.