A perda de si mesmo

Pior que a perda física do corpo é a perda física da consciência subjetiva, perder o ser humano não é pior do que perder o sujeito, perder a mãe os amigos e as pessoas amadas não é pior que perder seu sorriso, suas palavras e seu amor sinceros.

E quanto custa sei disso muito bem, passo o dia inteiro negociando um lugar de pertencimento nesse mundo, sei que ter fé basta para que Deus reserve meu lugar junto de si, pois a fé sincera faz refletir como humano no melhor sentido que este conceito pode ter, a fé restabelece em todos os sentidos, tanto físicos quanto materiais, e isso partindo do princípio mais físico possível: buscar o caminho da verdade (este caminho que sempre desvio para facilitar minha vida através de uma atitude artificial ou um conceito falso e métodos duvidosos)e o verdadeiro caminho tanto serve para ser espiritual quanto filosófico.

Mas no entanto, quanto tempo perco, tentando fingir ser algo que não sou ou gostar do que não gosto apenas para negociar a presença num lugar que dá status e estar feliz com isso.

Ao aceitar as regras das relações sociais não é necessário diluir ou perder a identidade, perder a si mesmo e não se dar conta de que tipo de sentimento de fato está sentindo, como posso ter certeza que ama se não tem certeza que quem ama é você ou seu eu promovido à custa de sua nova condição? Como pode perder alguém que você não sabe se tem de verdade ou não? A quem pertenceu este que você perdeu e como pode ser uma perda sincera com você sendo outro? Sua perda não é verdadeira ou você sendo verdadeiro, não poderia ser o outro.

Se, quem sou, sou todo esse mal, mal estarei em qualquer lugar de pertencimento que encontrar.

Vinícius Magalhaes
Enviado por Vinícius Magalhaes em 03/02/2012
Reeditado em 03/02/2012
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