Guaragi: história, educação e política atual - 2012

Guaragi, a Vila, tem rica e honrosa história, desconhecida de seus atuais moradores, consequência da escalada de alienação a que, diariamente, nosso povo, especialmente os adolescentes são submetidos, dado o grau de desesperança que a ineficiente classe política fomenta. De município autônomo de Entre Rios, distrito de Palmeira a esquecida unidade territorial de Ponta Grossa, a vila tem currículo capaz de constar figuras da cultura nacional à figuras mitológicas que pesquisados com rigor, subsidiariam monografias no âmbito da história cultural e biográfica. De Ari Fontoura, Marianinho, Maíco, Xica do Santo, Estevão Woyciechosvski, Nho Bita, Seu Orestes, Jair Silva – juiz de paz, Caminho Grande, Tafona do Durvá, Delegacia Velha – depois moradia e igreja evangélica, posto de correios do Velho Aquiles, Coletoria Estadual, Delegado Maneco da Ximbica, Clube Velho, Coreto e a instituição mais importante da Vila, o Grupo Escolar Dr. Munhoz da Rocha. Pelas estradas empoeiradas de Guaragi transitaram famosos caminhões da Alfa Romeu e os temíveis andarilhos, com saco nas costas, pedindo água e comida nas casas. Guaragi resulta do esforço isolado e destemido de um povo ecletico, imigrantes poloneses, italianos, russos e gaúchos desertores. Politicamente, tímido e reservado, o povo guaragiense, em velhos tempos foi ardoroso varguista, embora a ditadura militar tenha aplicado trágico e destrutivo golpe na juventude do distrito. Mesmo assim, marcou fase e deu resultado o trabalho educativo feito em épocas de arbitrio, por professores conscientes e valorosos como Lúcia Schafranski Werner, Roseli Belz, Marize Santos, Anna Celusniak Woyciechosvski, Evani Mendes Machado, Elza Mendes, Nadir de Mattos Cardoso e a professora Marlene. O acesso dos populares ao ensino fundamental e médio ali, nasceu do coração apaixonado pela educação de Romeu de Almeida Ribas e Geny de Souza Ribas, que providenciaram condução para transportar a mocidade até os Colégios de Ponta Grossa, também à dedicação de Lúcia Werner e Roseli Belz, protagonistas da implantação do ensino ginasial.

A modernização e urbanização do modo de produção capitalista implantada pelo regime fascista de 1964 e aplicada em Ponta Grossa na gestão Cyro Martins e Luiz Gonzaga Pinto, retirou a juventude do distrito para a vida moderna da cidade e os laços culturais, a identidade com o berço sagrado de nascimento foi se perdendo. Atualmente Guaragi é um apêndice esquecido, não parte do programa administrativo da Prefeitura, relegado pelas classes dominantes no poder, que da população querem apenas o voto. A riqueza material produzida na Vila não permanece em benefício dos habitantes, se perde no desperdício da classe dominante do centro e nos gastos desnecessários dos políticos e poderes instituidos. Guaragi já deu a sociedade brasileira bons frutos, gerentes de banco, políticos, professores dedicados, guarda presidencial, pensadores, educadores mas, infelizmente, não teve político a altura de suas necessidades e merecimentos, comprometidos com políticas progressistas, associadas as classes necessitadas da nação brasileira. O distrito de Guaragi não tem representação política decente, prática e efetiva. Está abandonado à violência, aos absurdos desvios de ordem familiar, a condição da infância ali é perigosa, preocupante e clama atenção das autoridades constituidas. A desescolarização atinge parcela significativa da juventude o que implica em descaminhos dos vícios, drogas e desrespeito ao patrimônio público.