SOBRE A ESCOLHA

Por definição somos seres que se inter-relacionam. Relacionamo-nos com outros seres iguais a nós, mas também com os animais, as plantas, as fontes d’água, o vento, o sol, enfim, na medida em que habitamos esse planeta, não podemos, e não conseguiríamos, viver a parte desse universo. Não pretendo, e não gostaria, de me parecer àquele que vê somente como um entre muitos, numa visão, quase que exclusivamente assentada, e a meu ver simplista e cômoda, nos preceitos da física quântica. Ou seja, essa “troca” que se estabelece entre o universo e nós, se dá numa relação de mão dupla; nós influenciamos e somos influenciados pelo cosmos. Esse é, dito de maneira mais rasteira, o princípio da física quântica. Não pretendo, até porque não tenho esse cabedal, discutir em pormenores o que é física quântica. Como já disse me falta cabedal para tanto e qualquer outra inserção nesse assunto, eu estaria sendo leviano, o que não se aplica a minha personalidade.

Feitos os esclarecimentos, adentremos àquilo que me trás aqui. Nós somos frutos e resultados das nossas escolhas. A ida ao poço ou ao céu é uma questão de escolha. Claro que até nossas escolhas estão contingenciadas pelas circunstâncias em que vivemos, e com as quais nos relacionamos, exercem forte influência sobre nossas vidas. Noutras palavras: ainda que se reconheça que tudo depende das nossas escolhas também sempre devemos ter em mente que fatores externos devem ser considerados. Não leva-los em conta, qualquer passo ou decisão será como andar às escuras. E essa espécie de espontâneismo apaixonado é a porta aberta para o fracasso e as decepções. E dai, a indústria dos calmantes, dos alucinógenos, dos terapeutas ocupacionais e afins, faturará “zilhões” de reais, e mais Iates, Rolex, Ferraris, Armanis, entrarão no mercado, enquanto outros tantos de insatisfeitos ou deprimidos, definharão às escuras das suas neuroses.

É o preço da vida pós-moderna, aliás, sinceramente, não entendo muito desse “pós-moderna”, mas se vida pós-moderna é o que vejo diariamente nas ruas (pedintes, crianças desnutridas, jovens gestantes, velhos abandonados, policiais autoritários, juízes parciais, médicos mercantilistas, educação maltratada, etc. e tal), então preciso, urgentemente, voltar às cavernas, pois, até onde sei, lá o homem não era lobo do homem, ou dito de outra maneira, o homem não explorava seu semelhante. Mas dai, veio a civilização, a roda, o primeiro pedaço de terra cercado, a Revolução Industrial, o Capitalismo e nos tornamos modernos! E nunca mais somos realmente felizes, o que acham?

Então, de volta ao começo: trata-se de uma questão de escolha ou de destino? Ou de ambas ao mesmo tempo, porém não excludentes? É isso.