TESES SOCIALISTAS

Desde o início da civilização discute-se o tamanho do Estado, e a validade das inúmeras reformas operadas na maquina estatal. De certo, apenas o aumento do aparelho burocrático a medida em que o desenvolvimento econômico alterava as relações de classes existentes, ampliando as funções da sociedade através das mudanças nos métodos produtivos.

A burocracia, que muitos identificam como o autoritarismo e o Estado totalitário, na realidade é fundamental ao funcionamento da democracia (capitalista ou socialista), pois o Estado democrático não pode existir sem a estrutura burocrática que lhe permita chegar aos desfavorecidos. Apenas, defendemos outro contexto de burocracia, com eficiência e produtividade, gerando segurança social.

Hoje, abordar a antiga questão entre governo dos homens e governo das leis soa redundante. Estamos vivendo o limiar de um novo ciclo econômico, no qual a estrutura técnica da produção varre da História o trabalho braçal, o parque industrial do Terceiro Mundo jaz diminuído pelo velho capital humano desvalorizado. É o ciclo, no Terceiro Mundo, da indústria-gabiru. Como, numa era de civilização industrial baseada na cultura, privilegiar o indivíduo em detrimento da organização? De outro lado, uma certa fatia da esquerda, que não consegue ser partido (virou clube), acha que não deve haver indivíduo, só organização. Queremos dizer que apenas uma tecnoestrutura inserida no contexto de renovação dirige o país (e o Terceiro Mundo) rumo ao desenvolvimento econômico e ao progresso democrático. E isto, por uma reforma ampliadora dos limites jurídicos do Estado, que não podemos confundir com o ridículo debate sobre Estado grande ou pequeno. O que precisamos é de um Estado capitalista forte

Neste cenário, o poderio tecnológico da aludida aliança do trabalho braçal com o intelectual, no polo tecnológico mais importante do Terceiro Mundo (São Paulo) é nada, pois no quadro da concorrência do mercado mundial (o mercado, esta religião repleta de sacerdotes tratados a pontapés pelo seu deus: o capitalismo cada vez mais planificado), não concorremos com o atraso, mas com a desativação da classe operária. Errados, fizemos dos sindicatos, das reivindicações, das greves, mecanismos mantenedores do sistema, e teimamos em não enxergar o óbvio: o mercado está deteriorado (sobrevivendo apenas nos pequenos negócios), cedendo lugar à moderna economia mista, de planificação integrada pelos vários agentes sociais. O mercado de trabalho baseado na mão de obra barata tende a desaparecer, substituído pelos novos sujeitos sociais, capazes de integrar a planificação econômica numa ótica de hegemonia estrutural, que são os operadores da riqueza através da ciência e da tecnologia.

É neste quadro que o futuro do País está sendo jogado. O desenvolvimento de novos mecanismos sociais a partir dos deslocamentos planificado de mercados internos às classes em formação, determina uma capacidade de produção flexível, evitada por uma indústria conservadora como a atual apenas para manter-se distante do controle público. Deteriorados o Estado-Nação e o mercado (a religião), ambos evitam-se apenas para não haver o risco de inauguração de um novo estágio nas relações de classe. Óbvio, é a abertura de mercados segmentados, e a promoção de uma indústria plural, comprometida com a formação crescente da sociedade, pois o Século 21 começou há décadas.

Quais os agentes políticos desta mudança? O pragmatismo socialista (nosso observatório) indica que a esquerda neoconservadora manterá os setores atrasados da sociedade montando toda espécie de esquemas autoritários e excludentes. O que é possível e imediato, é traçarmos a rota de uma terceira via entre a social-democracia e o socialismo. Hoje, socialismo é um método de resolução da humanidade, absorvendo, após isolar, a cada passo da emancipação, as classes dirigentes a serviço do capital, mas, para que dentro de séculos esta teoria dê frutos, os únicos instrumentos dos quais dispomos, são o estado liberal governado através de medidas socialistas.