Carta aberta.

Passamos uma vida inteira ou quase inteira a ensaiar uma despedida e quando ela se aproxima, parece nos faltar o principal, a coragem. Despedidas são sempre melancólicas, carregadas de saudades já em seu início, se bem que há aquelas despedidas cheias de alegrias com promessas de um retorno breve e festivo. Mas dessa que pretendo discorrer em breve neste recanto, não há motivo para alegria se quem está se despedindo for um aficcionado pelo que faz, a despedida profissional, mais conhecida pelo apelido de aposentadoria.

No meu caso específico é um pouco mais complicado devido a minha constante afirmação de que no recinto de trabalho, não se faz amigos e sim, colegas. Mas eis que existe o tempo e o tempo ensina coisas que você jamais pensou em aprender. E foi o que aconteceu comigo, hoje, já posso dizer que existe sim, amigos dentre aqueles colegas de trabalho.

É uma vida, são longos e longos anos de convivência que acabam de jogar por terra teus preconceitos, sua desconfiança, sua timidez e enfim, te dizendo olhe, aí existe quem você pode e deve chamar de amigo. Foi o que mais aprendi nesses vamos dizer, proveitosos anos de compartilha de espaço, de tristezas, de desavenças, de lanches, de almoços, de variadas facetas onde a alegria predomina derrubando todos os contras, para nos aproximar dos objetivos principais dessa união em torno de um trabalho sadio e voltado a uma sociedade que muito de nós, espera.

Já me sinto até um pouco culpado de não assumir desde o início essa amizade trabalhística, nome inventado por mim para disfarçar a minha rejeição ao óbvio. Quantas vezes cheguei em casa pensando em não voltar no dia seguinte ao trabalho, por pensar que não valia a pena continuar nessa luta, onde muitas vezes você é discriminado e até mesmo deixado de lado, por pensarem que você é um incapaz, tendo que provar a cada segundo que é detentor de uma vontade férrea de aprender e vencer os desafios do dia a dia.

Mas chega enfim aquele dia, o fatídico, onde você tem que aceitar que vai deixar sim, muitos amigos pela estrada que passou construindo o alicerce de uma outra vida, a vida dos que já contribuíram e muito no progresso dessa pátria e merece lutar em outras paragens, desfrutando do que conseguiu ou começando a construir uma nova etapa da estadia no planeta. Irei, mas levarei saudades dos momentos festivos e dos colegas que transformei em amigos, não direi adeus, pois poderei defrontar com os mesmos em lugares diversos ao trabalho, direi apenas, até breve e sejam felizes com a minha ausência e com a chegada de novos colegas que com certeza saberão se transformar em amigos. Um abraço. L.R.

ChangCheng
Enviado por ChangCheng em 14/05/2011
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