Há certas respostas afetivas que ficam armazenadas no eu de cada um, como uma espécie de capacitor, aguardando outra carga motivacional, tempos adiante, para fazer a juntura energética de todo o circuito evolucional do ser. Geralmente, quando se plantam sementes, não se espera que elas germinem, muito menos cresçam e deem frutos imediatamente. Mas semear é preciso, e se a semente for de qualidade e colocada na profundidade adequada no solo e no tempo certo, haverá uma posterior germinação, mesmo em um solo inóspito e sob o clima mais causticante.
 
Cada jeito de ser tem sua amorosidade,
mesmo sob uma difícil personalidade,
ainda que sob uma gélida inertidade.
É questão de saber onde se escondem
os receptores e transmissores do amor contido,
que também pode ser contente, de repente.
 
Exceção evidente é para a hipótese em que o ajudado está em alto risco de morte, mas sem pleno domínio de suas faculdades físicas, emocionais, espirituais e mentais, ou se é um menor incapaz ou momentaneamente incapacitado por drogas. Aí a intervenção “forçada”, num primeiro momento, pode ser a melhor caridade. É uma intervenção difícil, porque mobiliza muita tensão exigindo ao mesmo tempo muita razão dos socorristas, principalmente quando estes são os próprios familiares.
Tensão ou estresse e não nervosismo têm que rimar perfeitamente numa situação dessas.
Para contrabalançar uma overdose ou uma sobrecarga de drogas mortíferas ou perigosas é necessária uma overdose e uma sobrecarga de atitude efetiva e de emoção afetiva. Com uma eventual primeira injeção química no braço, aplique-se também uma boa injeção de amor no abraço. O discurso afetivo cala bem mais fundo do que o discurso moral ou racional, em qualquer situação relacional.
O ideal seria a prestação de socorro adequado já no risco de viciação, sem precisar de tanto rigor. Muitos responsáveis por pessoas absoluta ou relativamente incapazes do ponto de vista etário ou mental passam a ser responsáveis ou corresponsáveis por prejuízos por estes causados a outrem ou a si mesmos, por causa da omissão de socorro em momento “mais próprio”. É o erro por omissão. [“Quem não faz, toma”.] Mas não adianta ficar se lamentando no infrutífero “choradouro” dos “ses" [“Há! Se eu soubesse!” “Há! Se eu pudesse!”...]
Quando plenamente tratado, o “dessufocado” deverá respirar sua própria felicidade, principalmente se reconhecer que foi necessária a “travada” externa contra a sua vontade. Isso, se é que ele tinha alguma vontade real enquanto drogado tão extremo. Um cérebro contaminado e bioquimicamente alterado vai, por isso mesmo, influenciar organicamente a própria mente e, consequentemente, o poder de decisão desta.
Se o ajudado involuntário não reconhecer a salvação imediata totalmente alheia, há de causar algum bem-estar a quem o salvou objetivamente. O “salvador” vai preferir vê-lo revoltado, porém vivo! É uma medida extrema? Depende do ponto de vista. Pode ser apenas a medida mais adequada. O “salvador”, no mínimo, livrou-se de ser homicida por omissão de socorro.
Quem intencionar fazer alguma coisa, que se ponha o mais rápido possível em marcha, ainda que sem maiores planejamentos estratégicos. Pode não estar havendo mais tanto tempo para montagem de esquemas. Só a atitude de se iniciar uma ação salvadora imediata já mobiliza o Universo a acorrer em seu favor. O Universo pode até não completar o plano já encetado, mas pode apontar os ajudadores na solução mais viável a um resultado tecnicamente mais prático e adequado, considerando as condições do caso, da vítima e dos ajudadores.
Ajudar a ajudar e se ajudar ajudando. Esta é a sequência.
A ajuda é a melhor autoajuda.
A ideia facilitadora não é “tirar uma de bonzão”. Isso tende a irritar e a parecer que o ajudador é um superior, o que, no fundo, não é. A boa ajuda é sutil, menos ostensiva e mais eficaz e eficiente.
Na dúvida sobre o que dizer ou fazer para ajudar, apenas ame. O milagre do amor consegue surpreender bem mais do que expectativas médicas, psiquiátricas e espirituais, seja na cura, seja no controle ou na minimização das dores.
Depois do sufoco, vejam-se quais os melhores tratamentos de alcance mais permanente. Toda linha de melhoras ou de crescimento começa a partir daqui, a partir de agora, nas condições em que cada se encontra, sejam objetivamente favoráveis ou desfavoráveis. A atitude de querer se melhorar e crescer efetivamente é que favorabiliza as condições externas, a partir da melhoria de si mesmo, de seus quadros mentais, de sua fé.
Josenilton kaj Madragoa
Enviado por Josenilton kaj Madragoa em 17/03/2011
Código do texto: T2854588
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