peneira.

conversando com minha amiga roberta, ontem dia 12/03/2011 às vinte e duas e tantas, ou um pouquinho mais, estava sendo abordado sobre amizade, sinceridade, outras coisas e como na maioria das relações esse processo é de via única. e também, como por diversas vezes, aquele que veste a camisa da amizade realmente se doa, se identifica, se faz presente entre outras coisas e a outra parte nem tanto ou aproveita daquele sentimento enquanto lhe convém. no momento em que é requisitada a manifestação de carinho, a presença amiga às vezes por ato desesperado, pela importância que a presença se faz naquele momento (só a presença), sempre há um empecilho, alguma coisa mais emergente a ser tratada. nisto o outro morre à mingüa, muitas das vezes sem saber ou ter a quem recorrer, pois se nem um amigo "pode" dar um momento seu, sua mão, sua atenção em socorro alheio (e entenda-se que não seria a um estranho, em especial), como saber a quem recorrer? e isto também se aplica em momentos felizes que é requisitada a presença, para ser compartilhado aquele momento com uma pessoa que é especial, e esta arranja uma desculpa qualquer para driblar aquela solicitação que no âmago sabe que é de extrema importância a quem pede.

no meio de tantas observações que foram colocadas e logo desenvolvidas por ela (ela que como toda pessoa sensível, provou muitas desventuras e desilusões em relação a sinceridade de pensamentos e até onde as pessoas que se diziam tão amigas, de fato mantinham o outro em alta estima e dentro do coração) lançou o questionamento no ar: até onde estas pessoas estavam dispostas a cederem um pouco delas num momento de necessidade da outra? e isto seja para compartilhar bons e maus momentos.

até onde prevalece o interesse individual acima da cumplicidade e do sentimento que fora construído mutuamente, ou acreditou-se que estava sendo construído.

daí foi elucidado, como medir quem é realmente cada um que está ao lado da gente. e deste grupo de pessoas quem de fato é realmente amigo.

brilhantemente existe um termômetro muito simples para isto. observe você em relação aos outros e ao mesmo tempo os outros em relação a ti mesmo.

quantas vezes você se deu e atendeu a solicitação de um amigo que pediu sua presença? e vice-versa...

quantas vezes você ainda não querendo, ou tendo mesmo outra coisa em mente, ou ainda tendo obstáculos e circunstâncias que te cobravam seu tempo, mas sabendo da importância do outro como ser humano e da importância desta pessoa para ti e sua vida, você resolveu administrar as coisas e foi de encontro a solicitação do outro?

e vice-versa...

quantas vezes sentindo seu pensamento te ligar ao outro e mesmo havendo o desejo de estar com este, você foi de encontro a esta pessoa e nem permitiu barreiras? quantas vezes se comunicou e se mostrou importante para ela e ainda a fez ser importante realmente para ti? e vice-versa...

quantas vezes não fora inventadas desculpas, mentiras e passada a outra pessoa para trás a fim de se beneficiar da circunstância e da credibilidade do outro, para não precisar se posicionar ou atender algum movimento ético que a amizade implica? e vice-versa...

quantas vezes sentiu mesmo que a cumplicidade e a comunicação entre ti e a outra pessoa se faz mesmo sem se pensar. já se sabe o que vem de ambas as direções e já são tomadas as atitudes antes mesmo de se comunicarem? quantas vezes isso se dá contigo em relação ao outro? e vice-versa...

quantas vezes que dê tão certo de como é o outro e conhecedor deste a nível de alma, você não se permite afetar pelas influências alheias, na visão concreta que possui de seu amigo, da importância e valor que este tem para ti? e o que de fato com seus acertos e erros, esta pessoa representa a ti com solidez, com o conhecimento de causa e da vivência? e vice-versa...

e isto se desenrola a uma extensa reflexão quase infinita...

o que fica de fato e sabiamente resta a fazer, para não se ferir a alma e mesmo não se perder emocionalmente é que devemos peneirar...

considerar amiga as pessoas de alma que não se vive sem elas e que por experiências vividas se percebeu que estas não vivem sem ti.

perceber e identificar a cumplicidade. pra quem realmente se ama, ainda que tenha interferências externas, não existe peso em estar e atender a necessidade do outro e vice-versa. aliás quanto mais se está próximo e mais se comunica, mais se quer ver e ter o outro bem de perto (e vice-versa).

quando não exista a clareza, a transparência; quando se torna dúbia as atitudes, quando existe comportamentos de desrespeito, de traição do sentimento, de prevalecer o próprio interesse antes de mais nada (e vice-versa), entre tantos indícios comprometedores da espontâniedade, da simplicidade, da leveza, da honestidade e da doçura do sentimento mútuo. daí sim é momento de se passar na peneira e reconhecer que não existe uma amizade de fato, pois uma das partes não está inteira no movimento, daí é hora de começar a separar o joio do trigo...

sinceramente, essa conversa elucidou tantas coisas que já sentia e pretendia realmente fazer. mas este termômetro é perfeito para se por tudo o que se apresenta e pensa-se ter... colocar tudo numa balança, verificando de fato, que finura e pureza se tem as ditas aquisições humanas que aparentemente se é conquistada no transcorrer da vida.

paulo jo santo

13/03/2011 - 06h02

Paulo Jo Santo
Enviado por Paulo Jo Santo em 13/03/2011
Reeditado em 13/03/2011
Código do texto: T2844872
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